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Mulher descobre ter Transtorno do Espectro Autista depois dos 40 anos

Quem vive no transtorno precisa se adaptar ao ambiente, mas na maioria das vezes, não está preocupado em incluí-los

Quem vive no transtorno precisa se adaptar ao ambiente, mas na maioria das vezes, não está preocupado em incluí-los - Divulgação
Quem vive no transtorno precisa se adaptar ao ambiente, mas na maioria das vezes, não está preocupado em incluí-los - Divulgação

São vários comportamentos específicos que são avaliados para ser realizado o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), cujos hábitos são percebidos ainda na infância. Por isso, a descoberta deve ser feita bem cedo, e iniciado o tratamento.

A psicóloga Letícia Garcia, explica que os principais sintomas estão relacionados com a área social, como a dificuldade para interagir com outras pessoas ou manter conversa; repetição de gestos, dificuldade em fazer ou manter contato visual; dificuldade em identificar e compreender gestos e emoções; dificuldade em mudanças de rotina, hipersensibilidade auditiva e hiperfoco. 

Agora, imagine a dificuldade de conviver com alguns desses comportamentos até a vida adulta, mas sem saber o motivo de ser assim. Essa é a história de Regina Teixeira, que aos 38 anos, bercebeu o primeiro indício que poderia ser uma pessoa autista. 

Tudo começou quando seu sobrinho recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e quando o médico realizou uma entrevista com toda a família e disse para Regina procurar uma avaliação médica, pois também poderia ter TEA.

Ela reparou os primeiros sinais ainda quando trabalhava como professora e convivia com crianças que tinham o diagnóstico. Regina explica que se identificou com a dificuldade de se socializar, hiper foco, além de sentir desconforto em locais barulhentos ou com muitas pessoas, e não se sentir confortável em ter contato físico com pessoas que não são próximas. 

A ex-professora procurou ajuda médica, após o diagnóstico do seu sobrinho, fez alguns testes e recebeu a primeira avaliação, depois dos 40 anos, que confirmou a suspeita. “Para mim foi um alivio” – desabafa – “passou um filme na minha cabeça de todas as vezes que me senti excluída na infância quando meu comportamento foi considerado estranho”. 

Regina conseguiu colocar um nome no que tinha e entender que havia um motivo para toda a sua angústia, foi como encaixar um quebra-cabeça. Mas, ela ressalta que o diagnóstico é libertador apenas para quem recebe, para as pessoas ao seu redor, pode ser motivo de exclusão e falta de aceitação. 

O medo do rótulo é o que impede muitos adultos, que convivem com os sintomas e terem procurar avaliação médica. De acordo com Regina, as pessoas não possuem muitas informações sobre o que é o Transtorno do Espectro Autista, e já viveram situações em que duvidaram de seu diagnóstico, apenas por ter descoberto tardiamente. 

Apesar das adversidades, é importante procurar ajuda de um profissional. “O diagnóstico mesmo que tardio, auxilia na compreensão de coisas que muitas vezes poderiam gerar desconforto e inquietude. Além disso, é de extrema importância para que essa pessoa possa ter o tratamento adequado para o seu desenvolvimento, autonomia, autorregulação, e qualidade de vida.”, explica a psicóloga. 

Quem vive no espectro, independente da idade, precisa se adaptar ao ambiente, que na maioria das vezes, não está preocupado em inclui-los. Por isso, a autoaceitação e compreensão do diagnóstico, pode melhorar a qualidade de vida de uma pessoa com autismo.

*Regina Teixeira é um nome fictício.