Mulheres e adolescentes serão os principais alvos das ações de prevenção à Aids e às Doenças Sexualmente Transmissíveis. De acordo com a coordenadora do Programa Municipal DST-Aids, Alexandra Nunes de Souza, as ações de prevenção estão previstas no Plano de Ações Municipal (PAM), que deverá ser votado pelo Conselho Municipal de Saúde no dia 9 de fevereiro. “Por ano, o Programa DST Aids recebe R$ 151 mil do Ministério da Saúde para executar suas ações. O nosso plano anual já está montado e será analisado e aprovado pelo Conselho da Saúde”, explica.
No PAM, estão previstos mais de 10 projetos relacionados à conscientização e prevenção à Aids e às DSTs. Entre eles: palestras com diversos grupos sociais, seminários, ações nas escolas e em parceria com instituições não-governamentais. Porém, os mais importantes para a coordenadora estão ligados à conscientização de adolescentes e mulheres. “Para este ano, focamos duas principais metas: a questão dos adolescentes com Aids e o aumento na contaminação de mulheres. Temos que fazer com que as mulheres exijam de seus parceiros o uso do preservativo”, destacou.
A preocupação tem motivo. No ano passado, Três Lagoas fechou com 40 novos casos de soros positivos na Cidade. Além disso, também houveram 12 mortes pela doença, sendo cinco mulheres e sete homens. “O número de mulheres com Aids vem aumentando. Antes, a proporção era de dois para um [dois homens contaminados para cada mulher com Aids]. Hoje, os casos quase se igualam”, disse Alexandra.
A coordenadora aposta nas ações em bairros para tentar mudar o quadro. Para este ano, o Programa pretende dar continuidade a um trabalho já realizado no ano passado: a de prevenção nos bairros. O projeto é simples. Realizado em parceria com as Associações de Bairros, o objetivo é ministrar palestras exclusivamente para mulheres, sejam elas solteiras ou casadas, sobre a importância do uso de preservativos. “Primeiro temos que formar multiplicadores. Para depois iniciar os trabalhos nos bairros, que hoje é essencial”, destacou.
ADOLESCENTES
Paralelo ao trabalho com as mulheres, o Programa também deve retomar as atividades preventivas nas escolas. No ano passado, a coordenação do programa lançou a proposta de distribuição de preservativos e material informativo nas escolas. Até o momento, nenhuma aceitou, mas Alexandra admite que é um trabalho a longo prazo. “Primeiro temos que conscientizar professores, alunos e principalmente os pais sobre a importância destas ações, o que demanda tempo. Por isto, vamos fortalecer ainda mais as ações de prevenção em todas as escolas novamente”. No entanto, a coordenadora completa que já colheu alguns frutos: “A escola estadual Edwards Corrêa realizou trabalhos de prevenção às DSTs e Aids e à gravidez na adolescência sensacional”, disse.
Atualmente, cinco adolescentes com idade inferior a 20 anos convivem com o vírus do HIV no Município. O número não é alto, como explica Alexandra, mas preocupa. “Até então não registrávamos casos de adolescentes. São jovens de 15 anos, que estão iniciando a vida, mas já estão contaminados com a doença”.
Atualmente, 195 pacientes convivem com o vírus HIV e a Aids em Três Lagoas. Destes, 118 são homens e 77, mulheres. O DST-Aids também registra que a maior incidência da doença ocorre em pacientes na faixa etária de 30 a 40 anos: 70 em tratamento hoje. Além disso, também há na lista de pacientes: 13 jovens de 20 a 25 anos (seis homens e sete mulheres).
“Um lado positivo é que não temos nenhum paciente com contaminação vertical (mãe que passa para o filho durante a gestação ou amamentação). Em todos os casos foram realizados o pré-natal e as crianças conseguiram negativar a doença”, completa. O processo de negativação da doença em bebes é realizado a até o segundo ano de idade. No Município, são registrados cinco casos de gestantes com a doença. Até hoje, todos foram curados. (RP)