As dificuldades da vida, muitas vezes, contrariam a vocação das pessoas que deixam de fazer o que mais gostam e vão à luta pela sobrevivência, ganhando a vida em outra atividade. Assim é como ocorreu com uma simpática figura do meio artístico paulista-guaicuru, que até já percorreu plagas estrangeiras (Paraguai, Uruguai e Argentina) animando eventos, mas que os tropeços (financeiros, principalmente) destoaram seu destino. Embora um trompetista de primeira linha, o músico também se apresenta como um pedreiro de mão cheia.
Membro de uma prole de sete filhos do casal Oldemar Alves de Oliveira e Engracia dos Santos Oliveira, desde cedo “Bola”, como é mais conhecido Onivaldo Donizete de Oliveira, trabalhou duro para ajudar no sustento da casa, em Andradina (SP). Atualmente com 50 anos de idade, aos sete já ajudava o pai na construção de casas. Mas, com avô e pai músicos, essa veia artística não lhe faltou e nesse tempo de criança já teve iniciação na área, incentivado pelo “maestro da família”, o irmão Sebastião dos Santos Oliveira, o “Bastiãozinho”, que tocava bombardino em bandas contratadas para bailes.
Foi nessa época também que conheceu o maestro Antônio de Melo, ainda em Andradina, pelos idos de 1968/69, quando “Bola” teve ensinamentos para tocar caixa e depois o trompete, instrumento que o revelou como músico a partir de então. Já com 12 anos, ele tocava com grupos de forró. Um dos grupos, o de Antônio Bofe (exímio acordeonista).
Da adolescência “Bola” fez seu estágio musical, se profissionalizando, finalmente, em 1976, em Campo Grande, na Ordem dos Músicos. Foi crescendo profissionalmente. Aos 29 anos se casou, gerando dois filhos (Tatiane e Paulo Henrique) e voltou para Campo Grande, passando também por Dourados. Na primeira cidade (ainda antes da divisão do Mato Grosso), participou de várias bandas, tendo como referência a Banana Splitz que tinha no grupo gente como Lincoln e outros.
DIFICULDADES
Em 1992, ao retornar para Andradina, começou a desviar as atenções da música para criar os filhos. Perguntou ao pai se ele (“Bola”) tinha condições de construir sua própria casa: “é claro, você pode”. Incentivado, ele comprou um terreno e ergueu seu sonho. Passou algum tempo e o casamento não deu certo. Separou-se da mulher e no ano de 2000 foi para o estrangeiro. De lá, retornou a Andradina, em 2004, retomando sua vocação artística.
Em 2007, estudou jazz, MPB e música erudita em Tatuí (SP), ocasião em que seu pai faleceu, obrigando-o a voltar para Andradina para cuidar também da mãe.
No ano passado, veio para Três Lagoas, convidado por músicos conhecidos e passou a se apresentar em bailes e também num local denominado Bom Chopp, que atualmente está fechado.
Sem perspectivas de prosseguir ativamente na área musical, “Bola”, agora, se atreve em sua segunda vocação, na construção civil, fazendo reformas de prédios, mas sempre aproveitando convites para alguma apresentação artística, junto com seu velho companheiro, o trompete. No entanto, persiste o sonho vocacional de viver da música.