As escolas da Apae do país, incluindo a de Três Lagoas poderão fechar as portas caso o novo texto do Plano Nacional de Educação (PNE), seja aprovado pelo Senado. A previsão é de que o assunto seja colocado em votação na próxima semana. O novo texto transfere obrigatoriedade de atendimento ao deficiente intelectual e múltiplo para a escola pública .
Três Lagoas
Nova proposta do Plano Nacional de Educação prevê o fim das escolas da Apae
Apae de Três Lagoas atende a 330 alunos com atividades educacionais e de lazer
Durante sessão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, representantes das entidades que trabalham com os alunos especiais, pais e crianças ocuparam as cadeiras do plenário para protestar e pedir apoio dos deputados estaduais contra a alteração feita através de substitutivo do senador José Pimentel (PT-CE), que proíbe o repasse de verbas públicas para essas entidades.
O deputado estadual Eduardo Rocha, líder do PMDB na Assembleia, que defende as escolas da Apae, propôs à Mesa Diretora uma consulta aos líderes de partido, para que a pauta de discussões e votações da Assembleia Legislativa seja suspensa no próximo dia 14, e que todos os deputados rumem à Brasília para mostrar aos senadores as inconveniências e prejuízos que a proposta pode acarretar às crianças que precisam de atendimentos especiais.
Se o novo texto do PNE seja aprovado, em Três Lagoas, 330 alunos que estudam na Apae teriam que ser transferidos para as escolas públicas . A entidade conta com 75 funcionários para atender esses alunos. “Caso esse novo texto seja aprovado, as Apaes ficariam apenas com o atendimento clinico, fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia”, explicou a diretora da escola, Giselda Alves.
Para o diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Três Lagoas (Sinted), Petrônio Alves Correa Filho, as escolas públicas não têm condições de receber esses alunos que estudam na Apae. “Os professores do ensino regular não têm condições e nem capacitação para lidar com esses alunos que precisam de atenção especial. Fico preocupado em ver transformada mais uma vez as escolas públicas em depósitos de crianças e adolescentes. Enfiam tudo na escola pública, gabinete dentário, merenda, Eja, Educação Especial… agora pergunto: a escola tem condições, tem aparelhagem e material humano para isso?”, questionou.
Petrônio diz não ser contra a proposta, mas o ponto a ser observado é que as escolas não estão preparadas para lidar com essa situação que requer um trabalho muito sério. “Estamos lidando com crianças que tem várias deficiências e não temos nenhuma com essas. Isso é perigoso e de uma irresponsabilidade sem precedentes de quem propôs situação, sem verificar as condições das escolas públicas, que não conseguem atender satisfatoriamente alunos que não têm necessidade especial”, ponderou.