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Editorial

O terror da BR-262

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula nesse sábado (15)

Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula nesse sábado (15). - Arquivo/JPNEWS
Leia o Editorial do Jornal do Povo, na edição que circula nesse sábado (15). - Arquivo/JPNEWS

Não tem quem inicie uma viagem com muita apreensão pela BR-262, diante do perigo que se expõe. Durante todo o trajeto depara-se com muita imprudência de terceiros. Ultrapassagens perigosas em “cristas de lombadas”, condutores impacientes forçando passagens diante de filas de caminhões. E, nestas idas e vindas, se vê que muitos apressados colocam em risco a própria vida e de terceiros. Sem contar, quando condutores de inúmeros caminhões de transporte de carga pesada, resolvem emparelhar seus bitrens com outro na tentativa suicida de alcançar com êxito a ultrapassagem desejada para sair de uma longa fila que impacienta qualquer um. Também, não faltam motoristas que em alta velocidade entram em curvas perigosas pouco se importando diante da falta de visibilidade do que vem pela frente. Registra-se, ainda, ao longo da sua extensão colisões frontais que ceifam vidas e enlutam famílias, as quais ficam para sempre marcadas por uma dor sem fim e muita amargura. Quantos de nós perdemos amigos e conhecidos cheios de vida, alegres e de muita prosperidade? A BR-262 tornou-se um perigo sem precedentes nos últimos tempos por conta do tráfego intenso. Os responsáveis pela sua administração não contabilizam as mortes para duplicá-la e torná-la uma rodovia segura. Só alegam dificuldades para equacionar esse grave e macabro cenário.

O fato é que falta vontade política para os governantes colocarem um fim a esse tormento que a todos alcança e se arrasta há anos. Medidas paliativas não resolverão a questão de segurança dos condutores de veículos automotores que nela trafegam. Alegar que não há número suficiente de veículos que a torne financeiramente compensadora para que a iniciativa privada explore seus serviços é conversa fiada, pois, ao poder público cumpre assegurar segurança e a integridade da vida de seus usuários. A implantação das conhecidas faixas adicionais que de regra são implantadas para facilitar na extensão da estrada o tráfego de caminhões carregados em subidas mais acentuadas não é solução definitiva para a questão que é de segurança para os condutores de veículos na BR-262. No trecho entre Três Lagoas e Campo Grande, que se estende por mais de 300 quilômetros, conta-se nos dedos quantas terceiras faixas existem.

A BR-262 é uma rodovia classificada como perigosa e, infelizmente, não se tem notícia, além da promessa de mais terceiras faixas que poderão ser feitas para garantir fluidez e trafegabilidade. A irresponsabilidade com a vida das pessoas alcança todos que poderiam se debruçar neste assunto e resolvê-lo, mas é a questão que desafia os (ir)responsáveis pela administrativo dessa BR. Por seu turno, além da inércia do Dnit que não aponta solução, também, pouco se vê a atuação da Polícia Rodoviária Federal na fiscalização da rodovia, a não ser em postos instalados em Três Lagoas e Água Clara durante alguns dias da semana.  Mas, na estrada para conter motoristas afoitos e perigosos nada fazem e nem fiscalizam. É público e notório, que o tráfego de veículos na BR-262 aumentou com o transporte de madeira para as fábricas de celulose e com o advento da construção da fábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo. Somos uma região de floresta fornecedora de matéria prima para a indústria de transformação.

O progresso bafeja a região, mas nada justifica essa inércia dos administradores públicos. E, muito menos das representações das bancadas de deputados federais, estaduais, senadores e até mesmo de vereadores dos municípios por onde passa essa rodovia. É preciso clamar e gritar para afastar as consequências da infelicidade causada por tantas tragédias, que infelicitam famílias e colocam em sobressalto outras, cujos seus filhos nela trafegam. Chega de morte na BR-262. Vamos acabar com esse terror.