Na manhã desta terça-feira (14), foi deflagrada a Operação Alumidas, com objetivo de desarticular esquema fraudulento de sonegação de impostos que seria comandado a partir de Mato Grosso do Sul. A operação foi composta por uma força-tarefa da DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do MS), Sefaz – Secretária de Fazenda do MS, e a Receita Federal.
A operação é realizada em Mato Grosso do Sul e mais quatro estados. Pelo menos nove empresas do ramo de sucata e reciclagem de alumínio estão sob investigação, sendo a principal delas uma empresa familiar instalada em Paranaíba, região leste do estado.
Ao todo, foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal Residual de Campo Grande, sendo 13 em São Paulo (Capital, Guarulhos, Campinas, Bragança Paulista e Paulínia), 11 em Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Paranaíba e Sete Quedas), um no Rio de Janeiro (Capital), um no Pará (Belém) e outro em Minas Gerais (Belo Horizonte).
Estima-se que, inicialmente, R$ 180 milhões foram fraudados em impostos estaduais apenas em MS. E, no erário da União, o prejuízo chegaria a R$ 250 milhões. Algumas das empresas investigadas já foram alvos da operação Blindagem Metálica, na qual foi constatada a sonegação de impostos que somou R$ 4 bilhões.
“A Polícia Civil além de buscar agir nos mandados de busca e apreensão, também estamos buscando o ressarcimento ao erário, através de bloqueio de bens, para que os prejuízos iniciais possam ser ressarcidos aos Estados. A sonegação de imposto reflete diretamente na vida da sociedade”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel, em entrevista coletiva concedida nessa manhã.
As investigações chegaram a 14 pessoas e nove empresas até agora. Os envolvidos estão sendo investigados pelos crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa. As penas somadas podem chegar até 28 anos de prisão.
A fraude
O crime acontecia no recolhimento de impostos estaduais e federais. De acordo com a diretora do DRACCO, delegada Ana Claúdia Medina, a partir da empresa de compra e venda de material reciclável, em Paranaíba, foi montado um esquema engenhoso com empresas de fachada. A polícia descobriu que foram abertas inúmeras ‘noteiras’, em nome de laranjas, que tinham a função de simular operações de compra e venda de material reciclável para gerar créditos tributários para a empresa principal, como PIS, Cofins, entre outros. As ‘noteiras’ ficavam responsáveis pelo recolhimento de tributos, mas como elas não tinham qualquer patrimônio nem entrada de bens ou serviços, os tributos nunca eram recolhidos. Um contador, com várias passagens pela polícia, era o responsável pela criação das empresas e emissão das notas falsas. Ele foi preso em 2021 mas o grupo não deixou de agir. Outro contador passou a integrar o esquema criminoso.