A Promotoria da Infância e Juventude de Três Lagoas vai aplicar multa aos pais de adolescentes que forem encontrados em locais proibidos e que colocaram em risco a vida desses menores. Segundo a promotora, Ana Cristina Carneiro Dias, a multa vai de cinco a 20 salários mínimos. A punição, de acordo com ela, está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. “Antes advertíamos. Agora vamos multá-los”, adiantou a promotora em entrevista ao jornal "RCN Notícias" da Rádio Cultura FM 106,5 Mhz.
Ana Cristina disse que possui um cadastro na promotoria com a relação de menores que sempre são encontrados em situação de risco. “São sempre os mesmos. São aqueles filhos que mandam nos pais. Que os pais não controlam mais eles. Se o pai não consegue controlar o filho, ele precisa ser punido, porque pecou do dever do poder familiar. É muito triste ver filho que bate no pai, que não respeita… E não adianta os pais se darem de vítimas, eles são autores, pecaram, omitiram, não estiveram presentes”, declarou.
Nesta semana, inclusive, a promotora convocou os pais de adolescentes apreendidos em uma festa, no final de semana para plicar multa. Ela informou que, além da multa, a promotoria também tem encaminhado os adolescentes para projetos sociais. O grande problema, segundo ela, é que muitos não querem estudar nem frequentar esses locais. “São adolescentes ociosos, que só ficam esperando a hora do show começar”, declarou.
O risco que muitos desses locais oferece é tão grande que, no ano passado, um adolescente morreu após tentar fugir de um estabelecimento durante uma operação realizada pela promotoria, Conselho Tutelar e Polícia Militar. “Na época, fizemos a seguinte reflexão: primeiro, que os pais precisam ficar atentos a esses eventos. Segundo: que criação esse menino recebeu para correr do Conselho Tutelar? Quem tem medo de polícia é bandido, não é cidadão que cumpre suas obrigações. Infelizmente vemos inversões de valores. Às vezes pelo dia a dia tumultuado, os pais acabam deixando a educação dos filhos para outros”, destacou.
Ainda segundo Ana Cristina, em muitos casos, falta exemplo por parte dos pais, que, às vezes, bebem e fumam na frente dos filhos, entre outras situações. “O pai tem dever de educar o seu filho. Antes de mandar para a escola, tem que ensinar as regras de convivência familiar. O que não é permitido é o excesso; é aquele pai que não dialoga com o filho, só sabe bater e xingar”, esclareceu.
AÇÃO
Ainda durante a entrevista, a promotora falou sobre as operações que tem ocorrido em Três Lagoas para coibir a presença de adolescentes em locais proibidos. Ela informou que elabora uma ação civil pública, pedindo o cancelamento do alvará de um estabelecimento comercial que realiza eventos, onde menores são localizados com frequência. “São locais reconhecidamente pela população como de malefícios, onde a bebida e droga rolam soltas, inclusive armas de fogos são encontradas. São locais perigosos”, destacou.
A decisão de pedir a cassação do alvará, segundo Ana Cristina, deve-se ao fato de ser um local reincidente e já teve interditado por 15 dias. Mas, como a interdição e pagamento de multas não tem resolvido, disse que, a solução é fechar o estabelecimento.