Felipe Araújo disputa entre os dias 4 e 5 sua segunda competição como paratleta. Até então seria tudo normal, desde que o torneio não fosse a etapa nacional do Circuito Caixa Loterias de Atletismo e Natação, que reúne nada menos que os melhores atletas do país. Ele compete na modalidade de arremesso de peso e disco categoria F-44. O Circuito será na cidade de São Paulo.
O atleta, que participa do Projeto Esporte Adaptado de Três Lagoas há seis meses, já está entre os melhores do país. O índice para a etapa nacional foi conquistada na primeira competição de Felipe, no mês de maio na cidade de Uberlândia (MG), onde conquistou medalha de ouro no arremesso de peso e disco categoria F-44 e prata no lançamento de dardo.
Projeto Esporte Adaptado é desenvolvido pela Prefeitura de Três Lagoas, por meio da Secretaria Municipal de Esportes, Juventude e Lazer (Sejuvel), e da Associação Três-lagoense de Atletismo (ATA).
Segundo o técnico Roney de Araújo, o principal objetivo na primeira etapa da competição é melhorar o índice do paratleta Felipe Araújo. “Estamos trabalhando para que ele consiga alcançar os 40 metros, superando os 36,90 metros que o competidor atingiu na seletiva. Nossas expectativas são grandes para que possamos terminar a competição entre os três primeiros colocados, mesmo sabendo que na fase nacional estão os melhores paratletas do Brasil”.
TRAJETÓRIA
O esporte marca a vida de Felipe Araújo, de 34 anos. O que antes era um hobby, passou a ser um sonho, depois tornou-se uma frustação e, por fim se tornou motivação..
Praticante de Muay thai, em dezembro de 2010 sofreu um acidente em seu trabalho, precisando amputar parte da perna, deixando-o impossibilitado de praticar a modalidade. Mesmo triste com o acidente, Felipe continuava indo aos treinamentos, para reencontrar os amigos e assistir as aulas.
No ano seguinte, cansou de ver os treinos e resolveu voltar mesmo com limitações, e treinou durante dois anos, mesmo com dores. Porém, em 2013 o técnico mecânico foi surpreendido com uma má notícia, por fazer movimentos que forçaram o local da amputação precisaria amputar mais 10 centímetros de sua perna.
Depois da segunda amputação Felipe, desistiu de fazer modalidades esportivas, mas continuava na musculação. “Chorava muito por não poder mais fazer o que eu gosto, de estar impossibilitado de fazer esportes, a minha paixão, meu vício”.
No início deste ano, uma amiga da esposa de Felipe comentou que em Três Lagoas havia um projeto de esporte adaptado. E no dia 3 de janeiro, data que ele não esquece, recebeu a ligação do técnico Roney de Araújo, convidando-o para fazer um treino.
Felipe fez um treinamento com o técnico em três tipos de arremesso, para saber em qual o atleta melhor se encaixava, e desde então ele faz parte do projeto. “O projeto mudou a minha vida, meu deu um sentido, me fez voltar a ser feliz. Só tenho a agradecer meus técnicos Roney e Lila Alencar, que me possibilitaram dar a volta por cima. Este ano vou começar a graduação de educação física e quero ajudar, pessoas que passaram pelo mesmo problema que o meu, quero mudar histórias, da mesma forma que mudaram a minha”.