Pagar tarifas de pedágio faz bem ou mal às empresas? E aos governos? Certamente que a resposta poderá ser negativa se o leitor achar caro ou que a administração de rodovias deveria ser pública. Mas, uma rápida avaliação sobre o tema leva a uma conclusão direta e inevitável: pedágio não é caro se a rodovia estiver conservada, sinalizada e com dispositivos de segurança. O problema, talvez, é que nem todas as rodovias estão assim.
E é também por isso que motoristas e donos de transportadoras reagem contra o pedágio. Só mudam de opinião quando o asfalto é bom e há sinalização. Se a via for duplicada, o gasto com a tarifa se dilui entre benefícios. O que aparentemente é a defesa da concessão de rodovias, na verdade é uma cobrança por providências em pistas como a BR-262, que improvavelmente um dia será “pedagiada”. A única ligação entre Três Lagoas e Campo Grande padece de males que a levam para perto de uma enfermidade incurável: transformar-se num grande corredor de carretas onde não haverá fundo público capaz de deixa-la segura. Como tudo que nela transita é produção da agroindústria, os impostos do setor deveriam ser revertidos à sua melhoria.
O governo federal não aponta a solução da rodovia, hoje em condições agravadas pelo trânsito de carretas de madeira, combustíveis e materiais pesados, com o seu pavimento esfarelando e segurança frágil. É grave essa circunstância, agravada impiedosamente por cortes de verbas que impedem e atrasam há anos a recuperação da rodovia. O que espanta é a inércia da representação no Congresso Nacional, que não protesta, age e luta pela liberação de recursos.
A saída, então, seria pedagiar? Quase. Com o volume de tráfego pequeno para rentabilizar investimentos privados não há atenção de grupos empresariais. Por último, as fábricas de celulose, que tanto utilizam a pista, não abririam mão de um forte lobby contra a cobrança de tarifa.