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Editorial

Pedras Portuguesas

Leia o artigo na edição do Jornal do Povo deste sábado (18)

Leia o artigo na edição do Jornal do Povo deste sábado (18) - Arquivo/RCN67
Leia o artigo na edição do Jornal do Povo deste sábado (18) - Arquivo/RCN67

O uso das pedras portuguesas remonta mais de seis séculos, quando foram utilizadas em Portugal para calçamento pela primeira vez durante o reinado de D. Manuel I nas ruas de Lisboa; lá estão até hoje embelezando as calçadas da capital lusitana.

No Brasil foram introduzidas no calçamento da cidade do Rio de Janeiro durante a gestão do prefeito Pereira Passos entre 1902 e 1906 na atual avenida Rio Branco e em Copacabana, e, posteriormente, em muitos outros logradouros da antiga capital da nossa República.

Mas há de se lembrar, que a história registra que a primeira aplicação em calçamento com pedras portuguesas se deu no entorno do Teatro Amazonas em Manaus por volta de 1900, onde até hoje se encontram. Na nossa Três Lagoas foram aplicadas pela primeira vez nos canteiros centrais da avenida Antônio Trajano, adornados por vistosas palmeiras, na administração do ex-prefeito Michel Thomé, os quais serviram durante anos de passeio para o deleite das pessoas, quando ainda nossa cidade era cidade de vida pacata e em mais uma calçada residencial, assim como no entorno da Igreja Matriz na antiga praça Getúlio Vargas, hoje, diácono Pedro Barbosa.

Sem manutenção adequada ao longo do tempo foi se soltando e de vez em quando a administração municipal efetuava reparos de duvidosa qualidade, porque em vez de assentá-las novamente como indica o procedimento para esse fim aplicou se massa de cimento para mantê-las juntas. E assim, foram descaracterizando a beleza do calçamento, que se não for mantido vai se soltando, embora, na maioria das vezes, essa deterioração ocorra porque cavaram no calçamento para afixar uma placa ou qualquer outro artefato.

Surpreendentemente, a atual administração remove as famosas pedras portuguesas aplicadas em calçadas aqui e em centenas e centenas de cidades ao redor do mundo para em substituição cimentar o passeio dos canteiros centrais da avenida Antônio Trajano, suprimindo a beleza que as pedras portuguesas causam para aqueles que as olham e admiram pelo desenho Mar Largo, que remete à Copacabana da Cidade Maravilhosa.

Resistentes ao tempo quando bem conservadas como em Lisboa ou em qualquer outra cidade brasileira, se prestam ao calçamento de vias públicas para pedestres e ao mesmo tempo embelezam a cidade. Aqui não foi diferente, infelizmente, foram removidas. Mas, cumpre nos como veículo de opinião que reverbera o clamor popular, pois ainda há tempo para se corrigir o equivoca da remoção das pedras portuguesas para que sejam bem lavadas como deve ser com substâncias adequadas e reassentadas no mesmo lugar, a fim de que continuem embelezando a cidade.

Certamente, não atentaram para o custo elevado do metro quadrado dessas pedras, que aplicadas que valem muito dinheiro e não podem ficar amontoadas em um depósito da municipalidade. Aliás, os canteiros centrais da avenida Antônio Trajano, principalmente, no trecho compreendido entre a avenida Olinto Mancini e a avenida Rosário Congro fazem parte da cultura arquitetônica de Três Lagoas. Cimentar pura e simplesmente onde se encontravam desmerecerá a estética da avenida. Três Lagoas não pode arquivar pontos considerados históricos como se passa uma borracha sobre um papel para se apagar o que não se deseja deixar continuar registrado no tempo.