O humorista Marcelo Madureira com outro integrante do grupo, Hubert de Carvalho, escreve a “Coluna do Agamenon”, no jornal O Globo, e outra, sozinho, na revista Veja. Entre uma piada, um comentário e outra piada, prepara o lançamento de um livro com relatos dos recentes escândalos que envolvem políticos, lobistas, partidos e empresários do país. Marcelo Madureira, conhecido por seu humor ácido e crítico à política nacional, esteve em Três Lagoas nesta semana, para um stand up. Em entrevista, falou de assuntos sérios. E não deixou de praticar o que mais faz atualmente: criticar governantes. Para não perder a viagem, aproveitou para incluir o senador Delcídio do Amaral e o empresário José Carlos Bumlai – ambos sul-mato-grossenses – entre as “vítimas” de suas piadas e críticas.
Jornal do Povo – Mesmo com o término do Casseta vocês continuam trabalhando juntos. Quais os projetos em andamento?
Marcelo Madureira – Vamos fazer agora um seriado para o canal Multishow, contando porquê acabou o Casseta na TV – isso de uma maneira bem humorada. Temos projetos individuais e até ampliamos nossas atividades. Estou lançando com o Hubert o livro do nosso personagem. O livro “Rouba Brasil” será lançado dia 16 de dezembro, em Brasília, na Câmara dos Deputados, com a história dos escândalos recentes do Brasil, do mensalão, do petrolão, da Lava Jato, o escândalo do 7 a 1 contra a Alemanha, e incluindo os casos do senador Delcídio do Amaral e do [José Carlos] Bumlai. Mato Grosso do Sul é bem frequentado.
JP – O senador Delcídio, inclusive, foi preso nesta quarta-feira…
Madureira – Por quê? Um homem tão honesto, tão probo, bom caráter. Só porque está metido no Petrolão? Parece que levou um milhão e meio na compra da refinaria de Pasadena. Não entendo porquê prenderam. É um coitado. Vai ser bom o Natal na cadeia, com o banqueiro André Esteves e o Marcelo Odebrechet. Não vai faltar champanhe na cadeia.
JP – O ex-presidente Lula também está no livro?
Madureira – Claro. Ele é o chefe da quadrilha e está pela “bola sete”. É o grande responsável pela situação que o Brasil se encontra hoje. Já devem estar preparando um beliche para ele lá em Curitiba.
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JP – Suas críticas são ferrenhas contra o PT. Qual a situação do país governado pelo partido há 13 anos?
Madureira – Sou crítico do governo do Lulopetismo. O Brasil vive hoje uma crise ética, moral e de valores muito grande. A grande contribuição que o Lulopetismo deu ao Brasil foi destruir os valores da sociedade brasileira. E, isso se transferiu para a economia e política. Hoje temos grande desemprego por conta de roubalheira e má gestão. Aqui em Três Lagoas, por exemplo, o projeto da Petrobras [fábrica de fertilizantes] foi interrompido e no Brasil inteiro as pessoas estão sofrendo por causa de irresponsabilidade e incompetência. Não temos uma perspectiva clara de como podemos sair desse embrulho.
JP – O PT é o grande responsável por tudo isso?
Madureira – O processo histórico brasileiro – do patrimonialismo, da corrupção – vem desde a época de Brasil Colônia. Mas, eu que milito na política desde sempre, vejo que o Lulopetismo e práticas políticas, que se pode ter no PSDB, no PMDB, ou seja, em outros partidos, foi instituída no governo do PT. Antes, no Brasil não se tinha uma ideia de haver um esquema de roubalheira para permanecer definitivamente no poder. Isso é um ataque à democracia. De uma maneira geral, os petistas não são democráticos, não entendem o processo democrático, de que é preciso ter o revezamento do Poder. O problema do Lula e do PT é que eles institucionalizaram a roubalheira no Brasil. O petrolão é o maior registrado na história da humanidade, e isso é um fato real. Isso foi coisa montada, e tem o chefe: Luiz Inácio Lula da Silva. Espero que para a redenção da sociedade brasileira ele vá para a cadeia. O pior é que ele quis adotar um discurso demagógico e populista, como em vários países da América do Sul, como Bolívia, Peru, Equador, Venezuela, Cuba. Ainda bem que a Argentina se livrou desse discurso demagógico. Hoje só vemos inflação, desemprego, endividamento… Essa é a herança que esses 13 anos de Lulopetismo deixa, além de uma crise econômica e política grave e séria, que não sabemos como sair. O PT e seus aliados aprofundaram esse sistema no Brasil. Atualmente, o que se coloca para a sociedade é: em que tipo de Brasil vamos viver. No Brasil do Lula, do Delcídio, da Dilma, ou a gente quer viver no Brasil do juiz Sergio Moro?
JP – Suas declarações já lhe renderam processos na Justiça?
Madureira – Primeiro que não estou falando nenhuma mentira. O que falo está nos jornais do Brasil e do mundo inteiro. Sou mais um brasileiro indignado com o futuro do meu país. Sou uma pessoa de bem, trabalho, pago impostos… Evidentemente que as pessoas podem me processar, mas tenho direito de me defender. A democracia é assim. Não há o que temer. No dia em que você criticar um governo e for processado por isso, não se vive mais na democracia; está em Cuba, na Venezuela, sei lá onde. É fundamental se ter o contraditório. A crítica é diferente da calúnia. Eu não invento nada. Simplesmente pego os fatos e narro.
