A inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho foi tema de uma reunião promovida através de parceria entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e o Ministério do Trabalho. O evento aconteceu na tarde de quinta-feira e contou com a participação do auditor fiscal, Wallace Faria Pacheco, coordenador do projeto de inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, em Campo Grande.
Três Lagoas
Pessoas com deficiência encontram resistência
Atualmente, instituição acompanha 50 deficientes intelectuais que estão trabalhando
De acordo com ele, o projeto nasceu há três anos com o objetivo de fiscalizar as empresas de Mato Grosso do Sul sobre o cumprimento da “Lei das Cotas”. Pela legislação, uma empresa com um quadro a partir de 100 funcionários deve destinar certa porcentagem das vagas para pessoas com deficiência. No entanto, na prática, a lei está longe de ser cumprida na íntegra.
De acordo com Pacheco, é alto o déficit de deficientes trabalhando, porém, as vagas existem. “Esse fenômeno deve-se a dois motivos: ainda há resistência por parte dos empresários em contratar o portador de deficiência. Isso é fato. Mas também há outras barreiras, como a falta de qualificação profissional e a resistência da própria pessoa com deficiência”, explicou.
Além disso, para tentar mudar esse quadro, foi lançado, no ano passado, o BBC do Trabalho [Benefício de Prestação Continuada], que visa estimular o deficiente a ser inserido no mercado. “Também estamos buscando parcerias junto às empresas e ao poder público para qualificar essas pessoas”, disse.
APAE
Atualmente, a Apae acompanha 50 jovens inseridos no mercado de trabalho de Três Lagoas. Conforme a coordenadora do projeto, Silvana Cristina Fortanelli, esses profissionais estão em segmentos variados, como auxiliar de produção, auxiliar de limpeza, administrativo e até em salões de beleza. “Existem alunos em vários setores e todos estão apresentando excelentes resultados. Já ouvimos empresas dizer que prefeririam contratar cinco alunos nossos a dez trabalhadores”, explicou.
Ela explicou que a resistência por parte de algumas empresas ainda existe, mas é minoria. “Temos tanto as empresas oferecendo vagas quanto pessoas com deficiência escolhendo postos de trabalho. O nosso objetivo é buscar um equilíbrio para que se coloque a pessoa certa no posto de trabalho adequado”.
A coordenadora lembra, porém, que a Apae só trabalha com a qualificação dos deficientes intelectuais. Portadores de outros tipos de deficiência precisam procurar outras instituições, como o Sistema S, para se qualificarem.
NÚMEROS
Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam a dificuldade de inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Dados coletados para o Censo 2010 apontam que, na terra da oportunidade, apenas 9% dos deficientes estavam empregados.
Naquele ano, o município tinha 260 cegos (cegueira total), 2.389 com grande dificuldade para enxergar e 15.076 com alguma dificuldade. Além disso, os casos de deficiência auditiva (750 surdos e 3.812 com alguma dificuldade) e motora (259 com deficiência total, 1.841 com grande dificuldade e 4.349 com alguma dificuldade). Além disto, a cidade tinha 1.605 pessoas com deficiência intelectual.
Porém, poucos deles estão inseridos no mercado de trabalho. Há três anos, a cidade tinha 98 cegos; 16 deficientes motores e 40 deficientes auditivos no mercado de trabalho formal. Os dados do IBGE levaram em conta apenas as deficiências consideradas totais ou de grande dificuldade e também não citam os casos de deficiência intelectual. (Com a colaboração da TV Concórdia)