A Petrobras confirmou por meio de nota, encaminhada, ontem, ao Jornal do Povo, informando que rescindiu o contrato para construção e montagem da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III – UFN III, em Três Lagoas, em razão do descumprimento do contrato pelo Consórcio UFN3 (formado pelas empresas Sinopec e Galvão Engenharia). O pedido de rescisão foi feito na semana passada, entretanto, a Petrobras aguardou o prazo de dez dias para a manifestação do Consórcio, que se encerrou, ontem. A estatal não informou objetivamente sobre o motivo da rescisão. Mas garantiu que o cronograma visando garantir a conclusão do empreendimento no menor prazo possível está sendo refeito. Entretanto, segundo representantes da empresa Galvão Engenharia, a retomada dessa obra pode levar meses, ou até ano e que somente para a retirada dos equipamentos e maquinários que estão no canteiro de obras, pode durar quatro meses, considerando-se o grandeza da estrutura.
Além disso, comentaram que, caso a rescisão de contrato seja discutida judicialmente, a retomada da obra poderá levar mais de ano. As informações são de que, o Consórcio não pretende facilitar para a Petrobras nenhuma circunstância, caso não receba um valor pela rescisão do contrato. A Petrobras, por sua vez, ressalta que está em dia com todos os pagamentos e compromissos previstos no contrato.
Entretanto, reconheceu que a estatal tinha ainda duas medições para pagar ao Consórcio. Contudo, esse dinheiro foi utilizado para o pagamento de verbas rescisórias dos trabalhadores demitidos pelo Consórcio. A Petrobras informou que já havia antecipado R$ 356 milhões ao Consórcio e que a antecipação seria compensada em futuras medições. Até o momento a Petrobras informa que pagou R$ 3,21 bilhões ao Consórcio por serviços prestados.
Outro agravante, que atrasará mais ainda a conclusão da fabrica de fertilizantes é que provavelmente a Petrobras terá que abrir uma nova licitação para a contratação da empresa que vai assumir a execução da obra desta Unidade de Fertilizantes Nitrogenados. Isso pode levar três meses, ou até mais, caso haja contestação por empresas interessadas em executar essa obra.
Com isso, a UFN III, que produzirá anualmente 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil de toneladas de amônia para atender os mercados dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Paraná e Minas Gerais, poderá entrar em operação apenas em 2016. Inicialmente essa fábrica, que começou a ser construída em 2011, tinha previsão de entrar em operação em setembro deste ano. Posteriormente, o prazo foi alongado para dezembro de 2014. E, por último, meados de 2015.
Segundo a Petrobras, a construção da UFN III encontra-se com 82% concluída. Empresários e trabalhadores, por sua vez, informam que o cronograma atingiu apenas 50% da fase de execução da obra.
Informações extraoficiais dão conta de que a Petrobras está contratando empresa especializada em conservação de obras industriais que se encontram paralisadas
LAVA JATO
A Galvão Engenharia, que fazia parte do Consórcio UFN 3, é uma das empresas citadas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça dentro da Operação Lava Jato. Esta semana, quatro executivos da empreiteira, inclusive o presidente, Dario de Queiroz Galvão Filho, tornaram-se réus em uma das ações penais decorrentes da investigação e vão responder por lavagem de dinheiro, além de corrupção ativa e passiva. Nem a Petrobras e nem a Galvão engenharia responderam aos e-mails enviados pelo Jornal do Povo solicitando informações a respeito dessa situação, e nem se a rescisão de contrato estaria ligada a esse motivo.