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Polo Atrativo

PF estima haver 600 haitianos morando em Três Lagoas

Com maior oferta de trabalho, Três Lagoas vira polo atrativo para estrangeiros que procuram melhores condições de vida

Parte dos estrangeiros busca oportunidade de trabalho na construção civil; dólar mais caro impede retorno ao país de origem - Claudio Pereira/JP
Parte dos estrangeiros busca oportunidade de trabalho na construção civil; dólar mais caro impede retorno ao país de origem - Claudio Pereira/JP

Seiscentos haitianos podem estar morando e trabalhando em Três Lagoas, segundo estimativa da  Delegacia da Polícia Federal. No ano passado, o órgão atualizou o endereço de 633 estrangeiros – a maioria haitianos. 

Em janeiro deste ano, 16 estrangeiros procuraram a delegacia para atualizar o endereço, principalmente após a publicação de registros de permanência no Diário Oficial da União, em novembro de 2015. 

Depois de haitianos, a maior procura pela delegacia é de paraguaios e portugueses.

O número, porém, pode não ser real. Segundo a PF, os estrangeiros que pedem registro podem morar ou não em Três Lagoas. Pode haver casos de mudança de cidade, outros podem não ter procurado a delegacia para atualizar o endereço e, também, o mesmo haitiano pode ter atualizado o endereço mais do que uma vez.

De acordo com a Polícia Federal, os estrangeiros não justificam o motivo porque vieram para Três Lagoas, mas acredita que a maioria, em especial haitianos, seja à procura de trabalho. 

TRABALHO 
Muitos haitianos que estão na cidade trabalham na construção civil. Em uma grande obra em execução na cidade existem ao menos dez haitianos. Um deles é Dicdene Joseph, que já está na cidade há dois anos. Ele acredita que tenha cerca de 700 compatriotas em Três Lagoas. 

Joseph disse que veio para a cidade em busca de emprego e melhores condições de vida, já que em seu país quase não há emprego. Entretanto, acha que a situação em Três Lagoas também não é das melhores porque o custo de vida seria elevado e o salário insuficiente para as despesas daqui e o envio de parte a familiares que continuam morando no Haiti.

Dicdene Joseph disse também que veio a Três Lagoas com aproximadamente outros 700 haitianos, trazidos por duas empresas para trabalharem em indústrias. “Teve um período em que tinha muitos haitianos em Três Lagoas, mas muitos foram embora, devido ao custo de vida alto, aluguel caro, salário baixo e quase não sobrava dinheiro para mandar para a família”, comentou.

Ainda assim, muitos continuam na cidade. Alguns, segundo ele, como é o próprio caso, encontram dificuldades para retornar porque a passagem área para o Haiti também é cara. “Temos que comprar em dólar, que está muito alto. Não dá para a gente visitar nossas famílias e nem para irmos embora”, lamentou.

Joseph é mestre de obras, mas, em Três Lagoas, trabalha como pedreiro. Outros haitianos trabalham em restaurantes, em depósito de materiais da construção civil, em lojas e em vários setores. Parte deles mora em alojamentos e, outros, em casas alugadas. Uma pequena parte trouxe a família para morar em Três Lagoas.