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Três Lagoas

PF pretende desativar celas de delegacias

Em Três Lagoas, alguns presos estão na carceragem da delegacia há mais de um ano

Superintendência da PF afirma que responsabilidades sobre presos é da Sejusp -
Superintendência da PF afirma que responsabilidades sobre presos é da Sejusp -

A Polícia Federal pretende desativar boa parte das celas existente nas delegacias espalhadas pelo Estado. Em Campo Grande, sete, das nove celas da superintendência da PF, já estão desativadas e os presos transferidos. O espaço deverá ser usado para depósito de documentos. As outras duas restantes (uma masculina e outra feminina) serão utilizadas para prisões temporárias e durante a lavratura dos flagrantes.
De acordo com informações da superintendência da PF, a mesma medida adotada na Capital será seguida pelas delegacias do interior. Os próximos municípios a acabarem com a carceragem são Dourados, com seis celas, e Naviraí, duas.
Até o momento, não há informações sobre a desativação das celas da delegacia da Polícia Federal de Três Lagoas.

ABANDONO

Segundo o delegado-chefe, Junior Taglialenha, as duas celas da delegacia da PF de Três Lagoas abrigam seis presos e até uma mulher. E ele dispara: “Aqui não é lugar para presos. Na LEP [Lei de Execuções Penais] não é permitido que o preso cumpra pena na carceragem de delegacias. E temos presos que estão aqui há mais de um ano”.
O delegado explica que a permanência dos presos na delegacia gera transtornos para os dois lados: presos e policiais federais. “Por conta da deficiência do Estado, temos que levar os internos ao dentista, ao médico, ao fórum. Este não é o nosso trabalho. Abrigar presos não é nossa responsabilidade, mas sim do sistema penitenciário. Nem estrutura suficiente para acomodar presos temos. A situação aqui é precária para eles”.
Na delegacia, os presos têm direito a banhos de sol apenas a cada 15 dias. O mesmo acontece com as visitas, que nem sempre são realizadas. “Tentamos fazer, quando podemos”, completou.
Como exemplo, ele cita o caso da mulher presa em flagrante por tráfico de drogas. A suspeita está numa cela masculina desde o começo da semana. Para recebê-la, todos os outros presos tiveram de ser colocados numa única cela.
A demora para acha um local apropriado para a acusada se deve à interdição do presídio feminino. “Ninguém queria recebê-la, agora, parece que surgiu uma vaga em Campo Grande”, disse. 
Durante a entrevista, o delegado teceu duras críticas à Segurança Pública do Estado. Para ele, nunca o sistema penitenciário esteve em situações tão precárias. “Hoje, temos dois presídios interditados. A Unei [Unidade Educacional de Internação] em greve, e com razão. O que o Estado está fazendo com estes agentes é subumano. O servidor sai de casa para trabalhar sem saber se retornará. Enquanto isso, o presídio [Penitenciária de Segurança Média] é uma bomba relógio. Cinco agentes para 500 presos? Aquilo vai estourar em breve”, enfatizou.
A superintendência da Polícia Federal criticou também a falta de presídios de trânsito no Estado. Pela lei, os presos não julgados não podem ficar com aqueles que já foram condenados.