O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) informou esta semana que revisou sua estimativa para o valor adicionado (VA) ou Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário de 2021 e agora, ao invés de crescimento de 1,2%, espera queda de 1,2%. O principal motivo para a alteração, segundo o instituto, foi a mudança dos números do PIB do setor em 2020 feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os pesquisadores do Grupo de Conjuntura do Ipea também levaram em consideração a queda da produção de bovinos no terceiro trimestre deste ano e as reduções nas estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) para as produções de milho, cana-de-açúcar e laranja.
Na divulgação do resultado do PIB do terceiro trimestre, o IBGE também informou revisão das séries de Contas Nacionais Trimestrais (CNT). Agora, o instituto considera que o PIB da agropecuária cresceu 3,8% em 2020, e não mais 2%, o que elevou a base de comparação com 2021. O novo resultado, lembrou o Ipea, é explicado principalmente pelas novas informações disponíveis nas pesquisas estruturais anuais do IBGE, como a de Produção Agrícola Municipal (PAM) e a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgadas em outubro, que mexeram com os resultados de 2020 da produção vegetal e animal.
De acordo com o Ipea, sua estimativa de PIB da produção vegetal em 2021 passou de crescimento de 1,2% para queda de 2,6%. O desempenho negativo sustenta-se nas estimativas de quedas elevadas na produção de seis das sete culturas mais importantes. Apenas a produção de soja deve crescer neste ano, conforme o Ipea, 10,5%. O clima adverso levou à queda da safra de cana-de-açúcar em 8,3% e de laranja, em 13,8%.
No caso da produção animal, a nova estimativa do Ipea para o valor adicionado ou PIB em 2021 é de recuo de 0,7%, ante previsão anterior de alta de 1,2%. "Apesar de altas elevadas nas produções de suínos (+ 8,7%) e aves (+4,5%), a piora se deve à queda muito forte, no terceiro trimestre, na produção de dois produtos de maior relevância no componente: bovinos (-8,9%) e leite (-4,9%)", informou o instituto em nota.