Quinhentos e vinte e um condutores foram flagrados pela Polícia Militar conduzindo veículos sem carteira nacional de habilitação, nos seis primeiros meses do ano. O levantamento, divulgado ontem pelo 2º Batalhão da Polícia Militar ontem, aponta queda em comparação ao ano passado, no entanto, o índice continua alto, segundo comandante da PM, tenente-coronel Wilson Sérgio Monari.
Três Lagoas
PM multa mais de 500 condutores sem CNH neste ano
Ao menos um adolescente é flagrado ao volante a cada sete dias em Três Lagoas
De acordo com ele, atualmente, a média é de 85 condutores não habilitados multados pela PM ao mês. Em comparação à média mensal de 2012, 110 casos a cada 30 dias, houve redução de 30%. No ano passado, foram registradas 1.360 infrações de trânsito nesse sentido.
“Vários fatores influenciaram essa redução. Entre eles, o trabalho do Pelotão de Trânsito. Há dois anos os casos de condutores não habilitados têm sido prioridade para nós, devido ao grande volume registrado na cidade e, como consequência, do impacto no número de acidentes de trânsito. Então, esses condutores, mais que por pressão do que por conscientização, se regularizaram”, disse.
A persistência, explicou o comandante, deve-se a dois fatores econômicos: o aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades existentes para a aquisição de veículos, principalmente, motocicletas. “Com maior poder aquisitivo, esses condutores migraram da bicicleta para as motos. Como a cidade carece de transporte coletivo eficiente, o trabalhador que antes seguia para o local de trabalho de bicicleta, agora vai de moto, sem qualquer tipo de orientação profissional ou conhecimento sobre as leis de trânsito. Na maioria das vezes, aprendem sozinhos ou com a ajuda de algum conhecido”, disse.
MENORES
Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério dos Transportes, apontou que, mesmo sendo proibido pela legislação brasileira, 27,1% dos estudantes com idades entre 13 e 15 anos já dirigiram um veículo motorizado. O levantamento, que compõe a 2ª Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSe) 2012, colocou Campo Grande na quinta posição do ranking entre as capitais do país com maior número de adolescentes entre 13 e 15 anos que dirigem. Dados do Detran apontam que, entre 2011 e 2013, 153 adolescentes entre 11 e 17 anos se envolveram em acidente de trânsito quando conduziam algum tipo de veículo motorizado.
Em Três Lagoas, a PM informou que não contabiliza, de forma específica, casos de adolescentes dirigindo – que são juntados aos outros condutores não habilitados. No entanto, eles existem. O comandante Monari explicou que, a maioria dos casos de condutores não habilitados registrados na cidade é envolvendo pessoas com mais de 18 anos. No entanto, a cada semana, pelo menos um adolescente é flagrado conduzindo algum tipo de veículo motorizado. “Não supera o de maiores, mas temos casos registrados semanalmente. Com isso, temos duas situações, as dos pais que foram complacentes e emprestaram o veículo ao menor e também dos adolescentes que pegaram o veículo sem autorização do responsável”.
Mesmo com a redução, Três Lagoas tem, proporcionalmente ao número de habitantes, um dos mais altos índices de condutores não habilitados do Estado. Quando se trata de condutores não habilitados com mais de 18 anos, o veículo é apreendido e o proprietário, multado. A multa é a mesma para os casos envolve menores. Porém, estes são encaminhados para a Polícia Civil.
PESQUISA
No Brasil, a carteira de habilitação pode ser emitida somente a partir dos 18 anos. A prática de dirigir sem a licença, no entanto, foi constatada principalmente entre os garotos. Dentre os que admitiram ter dirigido nos últimos 30 dias antes da pesquisa, a proporção é de 38,6% para os meninos e 16,6% para as meninas. A Região Norte apresentou o maior porcentual (34,7%), seguida por Nordeste (31,5%), Sul (29,7%), Centro-Oeste (27,6%) e Sudeste (22,4%).
O IBGE ouviu 109,1 mil alunos do 9º ano de 2,8 mil escolas públicas e privadas no Brasil. Os alunos responderam a um questionário eletrônico com auxilio de um computador de mão e sem a interferência do entrevistador.