Policiais civis de quatro delegacias do interior de Mato Grosso do Sul, entre eles os do município de Cassilândia, na Região do Bolsão, ameaçam entregar as chaves das celas. A medida é em protesto à morte do investigador Anderson Garcia da Costa, de 37 anos, assassinado por presos na Delegacia de Pedro Gomes nesta quarta-feira. O investigador foi espancado, com golpes na cabeça e no abdômen. Ele chegou a ser socorrido e transferido de Coxim para a Santa Casa de Campo Grande.
Nesta quinta-feira, os policiais civis de Chapadão do Sul entregaram as chaves das celas como forma de protesto. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civil de Mato Grosso do Sul, Giancarlo Miranda, uma assembleia será realizada na manhã desta sexta-feira, em Campo Grande, para discutir a questão da custódia de presos nas delegacias em todo o Estado. “Por enquanto, ainda não sabemos em quantas delegacias, exatamente, os policiais civis entregaram as chaves. Essa situação deve-se à grande comoção causada pela morte do investigador. Os policiais civis estão comovidos, revoltados com essa situação e querem mostrar que custodiar presos não é função deles”, destacou.
A assembleia na sede do Sinpol será para definir quais medidas serão adotadas a partir de agora. O presidente do sindicato explicou que o objetivo é ouvir os investigadores e analisar a situação das delegacias em todo o Estado. A possibilidade de que os policiais civis entreguem as chaves em todas as delegacias não está descartada. “Vamos ouvir os agentes. São eles que decidem, e isso também depende do planejamento apresentado pelo governo estadual. Sabemos que não é um problema que se resolve de imediato. Mas queremos um planejamento para solucionar o problema", completou.
Entre as delegacias mais críticas no que refere-se à custódia de presos, Miranda citou quatro situadas em cidades do Bolsão: Água Clara, Brasilândia, Cassilândia e Chapadão do Sul. Em Chapadão, por exemplo, até o início da noite de hoje, aproximadamente 25 presos eram mantidos nas celas da delegacia, que ameaçaram rebelião após a suspensão dos serviços pelos agentes.
Em Três Lagoas, estava distribuído nas quatro celas da 1ª Delegacia de Polícia o total de 11 presos. A capacidade média é para 12. No entanto, este número já foi mais alto. O atendimento aos presos é feito por dois investigadores, que dividem essa atividade com as de rotina do plantão, como atendimento ao publico, elaboração de flagrantes e registro de boletins de ocorrência. Os investigadores informaram pretendem aguardar o posicionamento oficial do Sinpol/MS.