Cabos e soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros recusaram a proposta de reajuste salarial oferecida pelo governador do Estado, André Puccinelli, e ameaçaram aquartelamento a partir da próxima semana. Caso se concretize, Mato Grosso do Sul corre o risco de ficar sem policiamento. Paralelamente à ação da PM, a Polícia Civil também declarou que dará início à greve nesta sexta-feira.
Três Lagoas
Policiais militares de MS ameaçam aquartelamento
Caso se concretizem os movimentos das polícias Militar e Civil, Estado poder ficar sem policiamento
A recusa aconteceu em assembleias regionalizadas, realizadas em todo o Estado no decorrer dessa semana. Em Três Lagoas, a reunião aconteceu na última terça-feira e reuniu pouco mais de 40 associados e, segundo o cabo Paulo Freitas de Queiroz, diretor regional da Associação de Cabos e Soldados, a maioria recusou a proposta inicial do governo do Estado. Em Campo Grande, onde está concentrado o maior número de servidores miliares, a assembleia foi realizada ontem.
Conforme o diretor regional, uma nova assembleia geral deverá acontecer na segunda-feira, quando será votada, novamente, a possibilidade de aquartelamento. “Com base nos resultados das assembleias regionais, onde a recusa foi geral, o aquartelamento é quase que certo. Mas temos que realizar a assembleia geral para decidir como deverão ser direcionadas as nossas próximas ações”, explicou.
Em entrevista ao programa RCN Notícias 2ª Edição, da Cultura FM 106,5, o presidente da associação de Cabos e Soldados, Edmar Soares da Silva, explicou que a classe reivindica, desde o ano passado – quando foi solicitada a criação de um política salarial para cabos e soldados -, que o piso salarial dos soldados chegue, até 2015, à uma média de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil.
Atualmente, o salário inicial de um policial militar (soldado) é de R$ 2,2 mil. Em contrapartida, o governo estadual apresentou a contraproposta de 7% de aumento para 2013, 8% em 2014 e 20% em 2015, para soldados, e 7% (2013), 8% (2014) e 14% (2015), para cabos. “Quem vê um reajuste de 20% pode até pensar que é muito. Mas estamos falando de um reajuste que deverá ocorrer daqui a três anos. Nossa tropa precisa de uma resposta imediata e, pela proposta feita, o aumento será apenas de R$ 154 bruto no salário da classe”.
O presidente completa: “Com esse dinheiro, o policial não consegue nem comprar a farda, que custa em torno de R$ 160 e que, só lembrando, é obrigação do Estado fornecer, mas que o policial precisa comprar do próprio bolso para atender a comunidade”, disparou.
Silva informou que as negociações com o governo do Estado estarão abertas até segunda-feira. Às 10h, está prevista para iniciar a assembleia geral com cabos e soldados da PM e do Corpo de Bombeiros.
No Estado, são 6,4 mil militares entre cabos, soldados, sargentos e subtenentes na ativa na PM e nos Bombeiros. O número corresponde a maioria do efetivo total, que é de aproximadamente 9,3 mil homens.
Estado pode ficar sem polícias
Caso se concretize, a greve da PM pode colocar em risco toda a segurança pública de Mato Grosso do Sul, já que está previsto para iniciar, nesta sexta-feira, o movimento grevista da Polícia Civil em todo o Estado.
A greve foi anunciada no começo da semana, pelo Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), também motivada pelo impasse nas negociações com o governo do Estado. A classe exige um reajuste salarial de 24%. Enquanto isso, André Puccinelli também ofereceu o sistema de reajuste parcelado. A proposta foi recusada pela classe e o governador declarou que, se houver greve, o reajuste será reduzido de 7% para 5% neste ano.
Em Três Lagoas, são aproximadamente 100 policiais civis, que atuam às delegacias da cidade e região, e uma média de 155 cabos e soldados da Polícia Militar associados.
“Queremos que a população entenda: nós queremos deixar a sociedade abandonada, se isso ocorrer, será culpa do governo do Estado”, disse, mas confirmou que a ação deverá ter impacto na segurança pública. “Embora a Sejusp diga o contrário, a PM é responsável por 90% da segurança do nosso estado”, declarou Edmar Soares da Silva.
No sistema de aquartelamento, o policial militar segue para o local de trabalho, mas permanece no quartel. É possível que parte do efetivo seja mantida na rua para atender os casos tidos como essenciais.