Duas pessoas foram presas, nesta quinta-feira (1º), em Três Lagoas e, em Brasilândia, durante uma megaoperação, denominada “Hades”, coordenada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL). Entre os presos está um policial militar, de 35 anos, e um suspeito de comercializar entorpecentes. As prisões foram feitas pelo Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco).
O cabo atua no Pelotão de Brasilândia e foi preso no local de trabalho. De acordo com informações obtidas pelo JPNews, antes da prisão, a equipe do Dracco foi até a residência dele e encontrou 89 comprimidos de ecstasy, substância análoga ao crack, uma pistola e munições. Ele foi levado para o Setor de Investigaçoes Gerais (SIG) da Polícia Civil de Três Lagoas e aguarda para depoimento. O outro suspeito foi preso, em Três Lagoas, no bairro Jardim Progresso.
A ação tem como objetivo prender membros de duas organizações criminosas envolvidas em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro em Alagoas e outros 16 estados do Brasil. Resultado de investigações da Polícia Civil de Alagoas, em parceria com a SSP, iniciadas em março de 2021, a operação “Hades”, visa desmantelar esses grupos que atuam no tráfico de drogas em larga escala, tendo sido expedidos 79 mandados de prisão e 228 de busca e apreensão em vários estados.
Em Mato Grosso do Sul, foram cumpridos 36 mandados, resultando na prisão de 15 pessoas e na apreensão de veículos, armas, joias, dinheiro em espécie e drogas. Além de Três Lagoas, os mandados foram cumpridos em Ponta Porã, Paranhos, Fátima do Sul, Ladário, Jardim , Corumbá e Campo Grande.
Em âmbito nacional, foram cumpridos 307 mandados contra organizações criminosas responsáveis pelo tráfico de drogas e lavagem de capitais, compreendendo 79 mandados de prisão e 228 de busca e apreensão nos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
Investigação
As investigações identificaram dois casais, um deles alagoano e outro paraense, que eram responsáveis pelo tráfico de drogas em larga escala no estado de Alagoas. A partir disso, o trabalho conseguiu identificar ramificações nos 17 estados alvos da operação. À medida que houve progresso nas investigações, foi possível identificar também os criminosos que atuavam na origem do tráfico como fornecedores e as pessoas que como atuavam como fornecedores de drogas para os líderes das duas organizações criminosas investigadas.
Segundo a investigação, os dois casais fazem parte da cúpula de duas grandes organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e no estado do Pará. A organização criminosa que era liderada por um alagoano atuava principalmente em Maceió, no bairro da Levada e adjacências. Porém, ele também realizava a distribuição de drogas para outros municípios de Alagoas onde há predominância da facção criminosa que o indivíduo integra.
Também ficou constatado ao longo da investigação que os fornecedores dessa droga que abastecia o mercado alagoano eram do estado de São Paulo. Eles recebiam as drogas do Mato Grosso do Sul, estado que faz fronteira com Paraguai e Bolívia, que são grandes produtores de drogas.
Já a segunda organização criminosa alvo da operação de hoje, era liderada por um homem natural do Pará, mas que morou muito tempo em Alagoas. Por conta desse laço pessoal com o estado, ele estabeleceu o comando do tráfico de drogas em bairros da área nobre da cidade, como Ponta Verde, Jatiúca, Pajuçara, Mangabeiras e Jacarecica. Esse indivíduo também estava à frente de atividades ilícitas no Pará.
A droga que era vendida por este grupo criminoso tinha como origem fornecedores do estado do Amazonas, que faz fronteira com a Colômbia e o Peru, primeiro e segundo maiores produtores de cocaína do mundo, respectivamente.
Vida de luxo oriunda do tráfico de drogas
Apesar das duas organizações criminosas atuarem de forma independente, ambas tinham pontos em comum, como membros que pertenciam às mesmas facções criminosas de âmbito nacional e um esquema muito sofisticado de lavagem dinheiro. A investigação conseguiu detectar que os dois grupos utilizavam esquemas de lavagem de capitais, com a utilização de empresas de vários segmentos, como peixarias, de aluguel de veículos, de manutenção de automotores, depósitos de bebidas, de transportes de cargas, dentre outras. Além disso, ficou comprovado o uso frequente de contas bancárias de pessoas próximas e outras identificadas como laranjas, a fim de movimentar grandes quantias de dinheiro de forma ilegal.
Nesse contexto, foram verificadas movimentações financeiras de mais de R$300 milhões de reais em contas bancárias, que foram analisadas ao longo da investigação. Muitos dos membros das duas organizações criminosas investigadas ostentavam um elevado padrão de vida, com viagens, também utilizavam veículos e outros bens de luxo, além de possuírem residências e apartamentos em condomínios de alto padrão.
É importante destacar que boa parte dos alvos da operação possui antecedentes criminais, inclusive, por crimes da mesma natureza dos que são objeto nesta operação. Muitos deles possuem processos em aberto na Justiça Federal. Alguns dos investigados também tem mandados de prisão em aberto pela prática de outros delitos.
Veja a reportagem abaixo: