Assim como ocorre com os agentes de trânsito de Três Lagoas, que sofrem agressões por parte de motoristas, conforme reportagem publicada na edição do Jornal do Povo – Ano 70, de 19 de janeiro, também acontece com servidores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), 24 horas.
De acordo com o coordenador da UPA, Fernando Garcia, por dia, em média, oito funcionários sofrem agressões verbais na unidade, o equivalente a 240 por mês. O problema maior, segundo ele, deve-se à classificação para o atendimento, que segue o protocolo do Ministério da Saúde.
Garcia explicou que a UPA presta atendimento a pacientes em situação de urgência e emergência. E, de acordo com o protocolo de classificação de risco, a prioridade é para pacientes nessas condições, o que revolta pessoas que chegaram antes, mas são atendidas depois de casos prioritários.
Funcionários da UPA relatam que sentem medo de trabalhar no local. Um segurança, inclusive, permanece no local 24 horas. “É uma profissão que amo, mas chega uma pessoa e chama ‘a gente’ de vaca. Isso magoa. Nunca maltratei nenhum paciente. Às vezes, o paciente está meio nervoso e tentamos contornar a situação para ver se ele se acalma. Mas, alguns nos atacam com ódio…” O relato é de uma enfermeira formada há dez anos. Ela conta ainda que sente medo de trabalhar no local porque foi agredida fisicamente no antigo “postão”.
De acordo com o coordenador da UPA, médicos também trabalham sob medo. “É um dado muito preocupante. Estamos vivendo um adoecimento de servidores, principalmente da equipe de enfermagem, dos atendentes e pessoas que fazem o primeiro atendimento. Alguns médicos também reclamam de agressões verbais. Isso tem nos preocupado bastante. Por isso colocamos um segurança na frente para conter os pacientes com ânimos mais exaltados”, disse.
NÚMEROS
De acordo com relatório de consultas da unidade, somente no mês passado, 8,6 mil pessoas foram atendidas na UPA – média de 260 pacientes por dia. A unidade conta atualmente com quatro médicos por plantão, podendo aumentar para cinco nos próximos dias, segundo Garcia. Em todo o ano passado, segundo o coordenador, mais de 100 mil pacientes foram atendidos na UPA. “Temos uma população de aproximadamente 120 mil habitantes. Quase toda a população passou por aqui”, disse.
Para Fernando Garcia, é difícil explicar a importância das pessoas que não estão na classificação de risco procurar as unidades básicas de saúde. “Se o paciente foi classificado na cor azul na UPA, ou hospital, ele poderá esperar até quatro horas”, disse.
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