Com previsão de ir a leilão no primeiro semestre de 2024, o edital de relicitação da Malha Oeste, pode ser a solução para facilitar o escoamento da produção de Mato Grosso do Sul aos portos brasileiros e diminuir o número de carretas que trafegam pela BR-262, rodovia que liga Três Lagoas a Campo Grande. Com a instalação de mais uma fábrica de celulose no Estado, em Ribas do Rio Pardo, a tendência é aumentar o número de carretas transportando madeira e celulose nesse trecho da rodovia.
A ferrovia tem 1.625,3 quilômetros de extensão entre Mairinque (SP) e Corumbá e atravessa Mato Grosso do Sul passando por Três Lagoas e Campo Grande até chegar ao Pantanal. A Malha Oeste está praticamente desativada, com exceção de dois trechos. Em Três Lagoas, pela ferrovia sai a celulose exportada pelo Porto de Santos. O minério de ferro de Corumbá anda poucos quilômetros sobre trilhos até chegar à Bolívia. Parcialmente desativada desde 2015, a linha férrea será relicitada após a concessão ser devolvida pela Rumo ALL há três anos.
Nesta semana, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), realizou audiência pública em Campo Grande para colher sugestões e contribuições às minutas de edital e contrato, para o aprimoramento dos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para concessão da Malha Oeste.
Os estudos de viabilidade econômica mostram que o trecho a ser licitado tem potencial de transportar 40 milhões de toneladas, principalmente de minérios e celulose. Para atingir este potencial, a futura concessionária deverá investir R$ 18,1 bilhões em 60 anos. A maior parte do montante, de R$ 16,4 bilhões, será destinado aos primeiros sete anos para a troca de dormentes e trilhos, compra de locomotivas, reforma de pátios de manobras, entre outros.
Durante audiência pública, foi destaca a importância da reativação da ferrovia para redução dos custos do transporte das mercadorias. O frete rodoviário é 362% mais caro em relação ao ferroviário para o transporte de fertilizantes, por exemplo. Estudo da ANTT mostra que o custo do transporte do fertilizante por carretas é de R$ 14,84 por toneladas, enquanto por trens pode sair por R$ 3,21.
O Estado tem potencial de 35 milhões a 40 milhões de toneladas de serem transportados por ano pela ferrovia. A maior parte será composta por celulose (R$ 12,7 milhões), minério de ferro (7 milhões de toneladas), grãos (7,3 milhões), açúcar (2,4 milhões de toneladas) e combustíveis.
O transporte de combustíveis pelos vagões está suspenso há oito anos, desde 2015. Conforme estimativa da ANTT, os caminhões trazem para o Estado 30 milhões de metros cúbicos de gasolina e 56 milhões de metros cúbicos de óleo diesel.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck, a Malha Oeste é o melhor projeto da vitrine ferroviária brasileira no cenário atual. “Temos investidores interessados. Recebemos uma série de empreendedores internacionais dispostos a investir. Temos uma ferrovia já instalada que pode operar imediatamente e gerar fluxo de caixa. Temos também carga para fazer a operação. Mato Grosso do Sul não precisa fazer cenário de carga, pois temos volume suficiente para a ferrovia ser competitiva”, destacou Verruck.