Reeleita com 28,6 mil votos, ou seja, 53,71% dos votos válidos, a prefeita Márcia Moura (PMDB) completou 100 dias da sua segunda gestão. Anteriormente, Márcia ficou à frente da administração municipal por cerca de dois anos, quando a atual vice-governadora Simone Tebet pediu exoneração para concorrer ao cargo. Durante esse período, a prefeita encarou um dos piores desastres naturais de Três Lagoas e também um câncer. Agora, ela tem que dar continuidade ao desenvolvimento da cidade e pede um pouco mais de paciência dos três-lagoenses por conta dos atrasos provocados pelas “águas de março”.
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Jornal do Povo – Prefeita, como a senhora avalia os 100 primeiros dias da sua nova administração?
Márcia Moura – Primeiro, foram 100 dias muito importantes e de grande agradecimento à população por ter acreditado no meu nome. Gostaria de dizer a todos que se ainda não demos início ao trabalho como gostaríamos, é porque contra a natureza não há o que fazer. Agora, as águas de março estão se encerrando e o nosso plano de execução de obras vai se iniciar.
JP – A senhora entrou em outra questão, que é a situação da cidade. Muitos acham que ela está cheia de buracos e com um aspecto sujo. Como avalia esta situação?
Márcia – Começamos a tapar muitos buracos. Faltam mais, mas comecei a ver que não estava rendendo por conta das chuvas. Não posso jogar dinheiro público fora. Conforme o tamanho do buraco, são necessários três dias de sol para secar o asfalto. Então, mandei suspender a operação uma vez que a chuva não estava nos autorizando. As chuvas também atrasaram o lançamento de obras. Um exemplo é a [obra de pavimentação e drenagem na rua] Quixeramobim, que já era para estar praticamente pronta. A chuva atrapalhou. A entrega das casas [residencial Novo Oeste] também demorou por conta das chuvas. Estamos fazendo a rede de esgoto e desabou um mundo de coisa que tinha sido feita que, além de a chuva não deixar concretar, ainda levou o que estava pronto. O que começa a partir de amanhã [ontem], é uma força tarefa de limpeza nos bairros, em canteiros e calçadas e a solicitação para que cada proprietário de terreno cuide de seu terreno. Estamos convocando todos os proprietários para participar, porque, graças a Deus, se eles têm, além da sua casa, outro terreno, têm que zelar pelos que moram na região.
JP – Esses proprietários de terrenos não cuidados serão multados?
Márcia – Em um primeiro momento, eles serão notificados e, caso não haja mudanças, serão multados. Mas estamos aguardando que nos deem essa resposta. É importante frisar, porém, que não ficamos parados neste período. Várias outras coisas foram acontecendo. Como, por exemplo, os nossos projetos sociais. Entre eles, o projeto AABB Comunidade, que retorna na primeira segunda-feira de maio, dia 6, na sede da AABB. Neste ano, o projeto permanecerá através do convênio com a Secretaria de Assistência Social e, na votação do orçamento, ele passará para a pasta de Educação. Além disso, continuamos atendendo a 1.004 crianças no Crase Coração de Mãe; 70 no projeto Bombeiros do Amanhã; 120 no Pelotão Mirim; 60, no Florestinha, e 200 jovens, na Banda Marcial. Apenas neste ano, também atendemos a 387 pessoas no Albergue Municipal e vamos lançar, hoje, o projeto Patrulha Mirim, com 30 alunos.
JP – Em relação à pasta de Esportes, há alguma previsão de quando será concluída a obra do Madrugadão?
Márcia – Estamos acabando de desburocratizar algumas exigências do Siconv [Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasses] sobre medição, de projeto elétrico. Nós mandamos o projeto. Agora, eles mandaram novas exigências. O que posso dizer é que a obra será concluída em breve. Já está no forno para dourar e dentro de um mês estará pronto.
JP – E o estádio da Aden?
Márcia – O Patrimônio da União já nos certificou de que o estádio virá para o município. Já temos um documento que nos confirma isso. Mas, na Aden, há uma associação que chegou a entrar com uma ação contra a Prefeitura para reverter essa situação. Porém, não somos nós que estamos pleiteiando essa área, é a União que está nos cedendo. Então, esse diálogo tem que ser com eles. Mas, parece-me que já houve essa conversa. O estádio vindo, definitivamente, permitirá a nós implementar as nossas atividades de atletismo e valorizar aquele local que faz parte da história de Três Lagoas.
JP – Recentemente, o governo federal anunciou a obrigatoriedade de crianças entrarem na escola aos quatro anos. Isto impactará a rede municipal de ensino?
Márcia – Não. Estamos preparados para isso. Apenas neste ano, conseguimos abrir 1,4 mil novas vagas extras nas nossas creches. Esse aumento foi resultado de um grande estudo que fizemos, através da Secretaria de Educação. Ainda não é o ideal, mas foi um grande avanço, que conseguimos através de parcerias com os nossos colaboradores. São mais 1,4 mil crianças protegidas.
JP – Onde foram abertas essas novas vagas?
Márcia – Elas foram distribuídas. Tivemos o CEI do Santa Luiza, que foi reaberto, o segundo naquela região. Também tivemos a unidade onde funcionava a secretaria de Educação e ainda aumentamos o número de vagas em nossas creches.
JP – Com essa ampliação, a demanda por vagas caiu em quanto?
Márcia – Não caiu, aumentou. Muitas pessoas estão vindo de fora para cá. Então, ela não zera nunca. O que estamos fazendo é tentar reduzir um pouco. Hoje, segundo o secretário Mário Grespan, 87% das crianças de zero a três anos estão nos Ceis. De 4 a 5 anos, 97% das crianças são atendidas.
JP – Em que pé está o projeto do Contorno Ferroviário?
Márcia – O deputado federal [Edson] Giroto, agora secretário estadual de Obras e Transporte, informou que [o processo] está bastante adiantado. Os trilhos estão chegando para que, ainda neste ano, a gente possa inaugurar e, aí, sim, veremos o grande projeto na área central da cidade. O Centro não terá apenas a retirada dos trilhos, mas também um grande projeto de revitalização, com sinalização, jardinagem e arborização diferenciada.
JP – Esse grande projeto está relacionado ao projeto Shopping a Céu Aberto?
Márcia – Não. Esse projeto é de revitalização do Centro e não das calçadas e vitrines. Isto é com os lojistas. O que é de rua, é meu.
JP – O que será feito na avenida Antônio Trajano?
Márcia – A revitalização de todo aquele jardim. Eu estou pensando na implantação de em uma ciclovia. Acessibilidade total. O projeto está ficando muito bonito. Mas ainda não posso precisar quanto será investido. Está em fase de levantamento. E essa será apenas a primeira etapa. Depois será feita a revitalização depois da Matriz. Estamos trabalhando para lançar a obra neste semestre. Outra grande obra que a gente vai realizar é a drenagem e pavimentação da cidade. Este é um grande desafio que nós temos à frente e que vamos conseguir vencer.
JP – Quanto deverá ser investido em drenagem e asfalto neste ano?
Márcia – Não posso precisar isso no momento. Ainda estamos em busca de recursos, fechando algumas coisas. Eu não posso gerar uma expectativa e depois não cumprir. Mas, em breve, esses investimentos serão anunciados.
JP – Prefeita, assim que assumiu nessa nova gestão, a senhora anunciou que cobraria dedicação total do secretariado, principalmente dos novos. Qual avaliação a senhora faz deles nesse trimestre?
Márcia – O novo secretariado tem me surpreendido dia a dia. O Planejamento e a Infraestrutura, com a Carmem e o Walter, que estão trabalhando aos sábados e domingos de madrugada, para dar andamento a projetos que estavam parados da gestão passada, formatando novos. O RH está sendo modernizado para se tornar mais ágil. O Paulo da Sejuvel está buscando projetos do governo federal. O Milton, no Meio Ambiente, tem trazido muitas ideias boas e o Luciano Dutra, que entrou agora, mas que eu sei que fará um excelente trabalho.
JP – No passado, quando fez as primeiras mudanças no secretariado, a senhora disse que as escolhas foram técnicas. Já nesta gestão, foram técnicas e políticas. O que mudou?
Márcia – A gente não faz nada sem a política. E, dentro da harmonia política, nós podemos também escolher os técnicos. Quando eu ganhei, ganhou a Márcia, do PMDB, Luiz Akira, do Dem, e todos os outros partidos correligionários. Quem é parceiro, é valorizado e quem não esteve conosco e queira vir também terá o devido reconhecimento. O PT foi um exemplo. Ele esteve conosco, embora não oficialmente, na campanha e agora estamos juntos.
JP – Recentemente, o ex-vereador Ângelo Guerreiro, adversário nas eleições, se filiou ao PSDB. Isso afetará o relacionamento do PMDB, da Prefeitura, com o partido?
Márcia – Absolutamente. Acho que ele é quem veio para a base [risos]. Ele procurou no PSDB um partido para novos horizontes políticos, ou seja, ele que veio para mim, para a nossa base. O PSDB é um partido muito importante para nós, tem a presidente Fátima Montanha, que foi reeleita, e o presidente da Câmara, Jorginho do Gás, que sempre nos apoiou. Então, eu não posso reclamar. Pelo contrário, acredito que ele [Guerreiro] irá somar com essa base para trabalhar em benefício de Três Lagoas.
JP – A recente nomeação de Akira Otsubo a deputado estadual irá ajudar Três Lagoas?
Márcia – Sem dúvida alguma. Akira é uma pessoa que conhece Três Lagoas como poucos e eu tenho certeza de que fará grandes projetos, trará grandes emendas para a nossa população. Ele vai olhar Três Lagoas com olhos especiais. Parece-me que ele estará em Três lagoas nesta sexta-feira, mas vou fazer uma visita formal ainda.
JP – Qual a participação do vice Luiz Akira na administração?
Márcia – O Luiz Akira tem participado muito da nossa administração nos visitando e trazendo informações, novos caminhos e ouvindo a população. Ele não quis ficar fixo em uma sala, foi uma opção dele, mas isto não tira, de forma alguma, a importância dele dentro da administração. O Luizinho têm nos ajudado sobremaneira.
