Célia Castedo Monasterio conseguiu sair do presídio feminino de Corumbá no final da manhã desta quarta-feira (30). Na Bolívia, ela era investigada por conta do acidente aéreo que envolveu jogadores da Chapecoense, em novembro de 2016, que terminou com a morte de 71 pessoas. A boliviana, que vivia em Corumbá, estava presa desde 23 de setembro do ano passado.
O Supremo Tribunal Federal (STF) havia expedido mandado de prisão contra ela por conta de investigação conduzida na Bolívia. A Polícia Federal cumpriu a determinação. O acesso à Célia estava fácil porque ela mantinha atualizado todos os seus dados na PF pelo fato de ser estrangeira, com visto para permanecer no país. Os departamentos de Justiça de ambos os países iriam conduzir processo de extradição, porém o pedido não avançou na condução por parte de autoridades bolivianas e a defesa dela conseguiu autorização para soltá-la a partir de provocação no próprio STF.
Celia Castedo trabalhava na Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea (Aasana), semelhante ao órgão da Infraero no Brasil. A revogação da prisão foi concedida nesta terça-feira (29) e o alvará de soltura foi entregue por malote digital ao presídio feminino de Corumbá na manhã desta quarta (30).
A reportagem apurou na unidade prisional que ainda na terça o advogado da boliviana, Armando da Silva Souza, fez contato com a direção para informar que o STF iria enviar o alvará, na expectativa que ela conseguisse ser libertada neste dia 29, o que não acabou ocorrendo.
A investigada havia conseguido no Brasil, desde dezembro de 2016, autorização de permanecer como refugiada no país. Ela ainda tem um imóvel em Corumbá, onde vivia desde então. Na Bolívia, as suspeitas que recaíram sobre ela envolve a prática de crimes de atentado à segurança dos meios de transporte e descumprimento de dever.
Conforme apurado, ela precisará ainda se apresentar na Bolívia para tratar das acusações. O acidente com avião da LaMia ocorreu em novembro de 2016, quando faltou combustível. A aeronave caiu aproximando-se do Aeroporto Internacional José Maria Cordova, em Rio Negro, a poucos quilômetros da cidade de Medelín, na Colômbia.
Célia Castedo chegou a divulgar, no ano do acidente, que havia alertado sobre a falta de combustível e o perigo na viagem. Ela alegou que recebeu ordens para alterar a autorização de voo. A ex-operadora de voo morava em Santa Cruz de la Sierra. A decisão em vir para o Brasil ocorreu porque ela sustentou que corria risco se permanecesse na Bolívia.