Três Lagoas encerrou o primeiro semestre de 2020 com 606 boletins de ocorrência de violência doméstica. Os números são quase os mesmos registrados no mesmo período do ano passado, quando a Delegacia de Atendimento à Mulher (Dam), registrou 657 casos.
Em todo o ano de 2019, foram 1.369 agressões contra as mulheres. Por mês, em média, são 100 boletins de ocorrência de violência doméstica registrados em Três Lagoas, o equivalente a 3,3 agressões por dia. Três Lagoas é uma das cidades com alto índice de violência contra a mulher. A maioria das denúncias diz respeito a ameaça.
Das 606 ocorrências registradas no primeiro semestre de 2020, 246 foram por ameaça, seguida por lesão corporal dolosa com 141 registros no mesmo período. Depois aparece calúnia e via de fatos, entre outros tipos de violência.
Para a delegada titular da Dam, Leticia Mobis, os números são altos, e muitos reincidentes, principalmente considerando que em vários casos as mulheres registraram o boletim, rompem com o agressor, reatam o relacionamento e são agredidas novamente.
Ainda de acordo com a delegada, em alguns casos os agressores foram presos em flagrante, mas mesmo assim, a vítima reatou após a soltura. “Isso demonstra o ciclo da violência, com a sequência: agressão-pedido de desculpas-perdão da vítima-nova agressão-novo pedido de desculpas… .Esse ciclo só é rompido com a conscientização da vítima sobre a situação e o apoio psicológico”, destaca a delegada.
Em 2019, o Poder Judiciário de Três Lagoas recebeu 630 pedidos de medida protetiva de urgência- ferramenta prevista em lei para proteger mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, com base a Lei Maria da Penha. Nos dois primeiros meses deste ano, o Poder Judiciário já havia expedido 112 pedidos. Segundo a delegada, a maioria dos pedidos é aceito pelos juízes.
A medida protetiva é solicitada pela delegacia, após registro do boletim de ocorrência. Com a medida, a Justiça determina que o agressor mantenha uma distância mínima da mulher, dos familiares, e proíbe qualquer tipo de contato, até mesmo pelo telefone.
Ainda segundo a delegada, tem muita mulher que não tem coragem de denunciar os agressores, por entender, que as estatísticas poderiam ser até maiores. Mas, analisa que já houve avanço e que muitas tomam e coragem fazem a denúncia.