Mais de 20 mil crianças e adolescentes já foram formados pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd). Em Três Lagoas, o programa, que é desenvolvido pela Polícia Militar em parceria com a Prefeitura, trabalha com alunos do 5º ano. O Proerd teve início no município, em 1999, e foi idealizado pelo sargento Jefferson Barbosa de Paula, que é o instrutor mentor do programa no município.
O programa, na opinião dele, aproxima e fortalece os laços familiares, que atualmente estão fragmentados. As ofertas de drogas, de acordo com o policial, vão acontecer, mas é preciso que as crianças e adolescentes estejam preparados para dizerem não. Na entrevista especial da semana, o Jornal do Povo conversou com o instrutor do Proerd em Três Lagoas para saber um pouco mais do programa no munícipio.
Jornal do Povo – Como está o funcionamento do Proed de Três Lagoas?
Jeferson Barbosa de Paula– OProerd em Três Lagoas existe desde 1.999 e vem crescendo a cada ano. Atualmente, atendemos aos alunos de todos os 5º anos das escolas municipais, estaduais e particulares.
JP-O porquê que o programa é realizado apenas com os alunos do 5º ano?
Jeferson– Porque é o período de escolaridade das crianças que estão na fase de descoberta, estão sempre curiosas em saber o que é isso, o que é aquilo. Então, nessa fase é importante a gente orientar, passar a informação correta para que elas não sejam surpreendidas com informações destorcidas.
JP– O que é abordado com os alunos?
Jeferson– O programa desenvolve uma média de 15 a 16 encontros com os alunos uma vez por semana. Trabalhamos com o conteúdo para eles aprenderem a dizer não às drogas, já que a oferta vai acontecer. As crianças e adolescentes precisam estar preparados para dizerem não às drogas. Temos um modelo de decisão de tomada Proerd, o qualcompreende quatro passos, onde as crianças apreendem a definir e identificar qual o problema, o que está acontecendo e o que está sendo oferecido a elas.
Depois, em um segundo momento, as crianças aprendem a analisar as consequências e opções que elas têm diante da situação que está acontecendo, ou seja, analisam as escolhas e depois as consequências. Em outro momento,em que elasatuam, tomam a decisão para fazer a melhor escolha. No quarto passo, fazem uma avaliação se fizeram uma boa escolha. Apreender a tomar as decisões é algumas das questões básicas que passamos para os alunos. Depois, passamos também informações sobre drogas. Cigarros, bebidas alcoólicas, maconha, crack e cocaína são os tipos de drogas que conversamos com os alunos e explicamos as consequências que elas podem trazer, tanto para a pessoa, quanto para a família. Trabalhamos também sobre o bullying para que os alunos saibam também o que é essa violência que vem acontecendo nas escolas a fim de que possam evita-la.
JP– No mês passado, vocês passaram a desenvolver um trabalho com os adultos também?
Jeferson– Exatamente. OProerdpara adulto é mais um dos currículos que o programa oferece para a nossa sociedade. É um conteúdo maravilhoso que estamos oferecendo para a comunidade que, em um futuro breve, pretendendo oferecer também para as instituições também. A finalidade é a de resgatar as famílias que veem sendo destruídas pelo uso das drogas. A nossa ideia é levar informação, pois acreditamos que a partir do momento que a pessoa tiver mais informação ela será menos enganada, menos iludida.
JP– Em quais locais vocês estão trabalhando com o Proerd para adulto?
Jeferson -Estamos trabalhando na Escola do Parque São Carlos e naEscola Municipal “Professor ElsonLotRigo” com os adultos que já estudam nessas unidades, porém podemos realizar esse programa nas instituições religiosas também. Atualmente, estamos com três salas, cada uma com média de 25 alunos. O programa é desenvolvido durante as aulas acontecem no período noturno.
JP– Como surgiu a iniciativa de desenvolver o Proerd para os adultos?
Jeferson -Foi justamente por conta de termos observado dentro das salas de aula, muitas vezes, a ausência do pai. O pai, às vezes, não passa a informação por falta de conhecimento.Então, a partir do momento em que o pai está capacitado, ele poderá ajudar mais na educação dos filhos. O conteúdo que trabalhamos com as crianças é diferenciado do que trabalhamos com os adultos. Até porque, o pai precisa estar preparado para lidar com o filho em algumas situações.
JP– O Proerd já formou quantos alunos em Três Lagoas?
Jeferson- Mais de 20 mil crianças já foram formadas pelo Proerd em Três Lagoas. Acreditamos que o programa já contribui em muito na educação e na formação das crianças e adolescentes. Sempre somos abordados nas ruas por pais, alunos e professores, agradecendo por esse trabalho. Os professores e os pais sempre falam que depois que o filho passou a receber orientação do programa mudou o comportamento para melhor.
JP– O senhor acha que o Proerd poderia ser expandido para alunos de outras séries?
Jeferson– Sim. Como acreditamos muito na informação, seria interessante que esse trabalho pudesse ser desenvolvido também com os alunos das séries iniciais, já que nesse período, nessa faixa etária, as crianças aprendem muito. Só não trabalhamos com esses alunos, justamente por conta de recursos humanos que ainda não temos condições de atender. Esse programa é realizado em parceria entre Polícia Militar e Prefeitura, seria muito interessante que esse programa pudesse ser expandido, já que é de extrema importância. As crianças assimilam muito o que abordamos e passam a cobrar até mais dos pais o que aprenderem na escola.