Neste domingo 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor, data que foi instituída ainda no Brasil Império. Dom Pedro I, em 15 de outubro de 1827, assinou o decreto que criava o ensino elementar no Brasil. Católico fervoroso, ele escolheu a data em alusão à Santa Teresa de Ávila que, pela tradição da igreja católica, foi educadora e amante dos livros.
Em 1963, o então presidente da República, João Goulart, assina o decreto oficializando nacionalmente o 15 de outubro como Dia do Professor.
Os anos se passaram e os desafios para o magistério persistem. Em Três Lagoas, a nossa equipe de reportagem foi ao encontro de uma das professoras mais antigas da cidade: Zilka Pérola Brunelli Baptista, de 83 anos.
A educadora aposentada, que deu aulas por mais de 50 anos, contou como foi a trajetória como professora desde 1963 quando se formou pela Escola Normal Particular Nossa Senhora Auxiliadora. “Naquela época as pessoas interessadas em seguir no magistério antes de ir para faculdade, tinha que se formar no curso normalista”, explicou dona Zilka.
Formada e casada com o dentista Ary Baptista, que prestava serviço na antiga Noroeste do Brasil, foi morar em Ponta Porã. O município faz divisa com o Paraguai e lá lecionava para os funcionários analfabetos da companhia férrea. “Não sei se você sabe, mas naquela região é muito frio. No inverno os funcionários não apareciam na sala de aula e fiquei preocupada, será que não estou agradando ou ensinando corretamente? Me questionava. Foi então que descobri que eles bebiam muito para se esquentar e acabavam ficando bêbados. Com isso, iam para suas casas dormir”, explicou a professora sorrindo do fato inusitado.
Em Três Lagoas, já no final dos anos 60, ela lecionou nas escolas públicas as disciplinas: aula didática, estrutura e português. Inclusive, destaca que perdeu as contas de quantos alunos ajudou a se formar.“Eu trabalhei na Escola Particular H. Alonso, da Maçonaria, depois fui para Escola Estadual João Magiano Pinto e, por último, na Escola Estadual Dom Aquino Corrêa, quando me aposentei, em 1992” relembra a professora.
Quando questionada sobre a categoria atual, a professora aposentada faz sérias críticas. “O professor perdeu autoridade, e isso me entristece. Sou de uma época em que os alunos faziam reverência ao educador. Hoje o que parece é que o professor deve favores aos alunos” pontuo dona Zilka.
A conversa com a professora é uma viagem no tempo. As fotos antigas mostram que dona Zilka nunca parou de estudar e de se aperfeiçoar. Ela se formou em Administração pela Faculdade de Andradina. Também fez pós-graduação em ensino para pessoas deficiência mental.
As horas foram passando, e a conversa cheia de nostalgia, até me fez lembrar dos tempos de sala de aula e a valorizar cada professor que contribuiu para a minha formação como jornalista. Antes de me despedir, dona Zilka deixou um recado: “professores estudem, façam todos os cursos que vocês puderem e procurem ser o melhor professor. Porque do seu trabalho surgem outros profissionais, a arte de ser professor e ensinar é muito importante”, finalizou dona Zilka.