Apresentado em 2017 pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) para o reconhecimento da qualidade da carne zebuína, o Programa Carne de Zebu é uma resposta ao mercado que considera apenas o cruzamento industrial como ideal para atender a exigência consumidora de paladar. O zebu é tão capaz de produzir carne macia quanto qualquer outra raça, apontam criadores.
O objetivo da associação, porém, não é contrapor o cruzamento industrial, mas ressaltar o rebanho zebuíno como base desse sistema de produção e mostrar a evolução genética das raças oriundas da Índia (Nelore, Gir, Guzerá), Paquistão (Sindi) e cruzados zebu com zebu (Indubrasil, Brahman e Tabapuã) desde a chegada aos campos brasileiros.
Com a seleção genética sistemática pelos criadores e o uso cada vez mais frequente da biotecnologia, através dos marcadores moleculares, foi possível identificar indivíduos zebuínos com as mesmas características desejadas na qualidade da carne, ou seja, cor, sabor e especialmente a maciez.
O primeiro registro de entrada de zebuínos no Brasil foi em 1813, quando um casal de bovinos, oriundo da costa do Malabar, na Índia, foi desembarcado no porto de Salvador. Embora estudiosos especulem que os primeiros bovinos que chegaram a São Vicente, em 1534, foram mestiços com algum sangue de Zebu.
No cruzamento industrial feito no Brasil com animais de origem europeia, asiática ou africana, obrigatoriamente 50% são de genética zebuína – a melhor forma de produção de carne num país de clima tropical e de extensão continental, uma vez que animais de climas mais frios (como os europeus) precisam adaptar-se às condições adversas.
“Esse programa vai avaliar geneticamente todo o ciclo produtivo, começando pela inseminação indo à desmama e ao sobre ano dos machos que vão ao abate para sabermos qual linhagem está contribuindo para melhor qualidade de carne e acabamento de carcaça em relação a milímetro de gordura”, ressalta o diretor técnico da ABCZ Valdecir Marin.
O programa da ABCZ pré-lançado em setembro do ano passado na Fazenda 3R, em Figueirão, propriedade foi escolhida por ser reconhecida por produzir o melhor bezerro do país. “Agora além do melhor bezerro, vamos produzir a melhor carne de zebu. Seremos um polo referência também nesse quesito”, comemora o pecuarista Rubens Catenacci.
Na primeira etapa do programa 12 propriedades foram inscritas e receberam 8.500 doses de sêmen (para inseminação artificial) de 17 reprodutores que não tiveram seus nomes ou origem revelada, isso para dar credibilidade ao proposito da ABCZ, que gerar uma maior aproximação do rebanho comercial (onde 90% tem sangue zebu) com o grande mercado consumidor.