Desde março de 2020, Hollywood se viu em uma situação inédita: a pandemia do novo coronavírus fez gigantescas produtoras de cinema adiarem seus filmes. Começando com Sem Tempo Para Morrer, novo longa da franquia 007, que deveria ter chegado às salas de cinema no dia 2 de abril do ano passado, mas foi adiado três vezes e agora está previsto para estrear em outubro de 2021.
A conta que explica tantas mudanças não é precisa, mas também não é difícil de entender. Sem Tempo Para Morrer teve um orçamento de aproximadamente US$ 200 milhões. Os filmes que apresnetam um custo tão alto costumam gastar entre US$ 100 e US$ 200 milhões com marketing, mas os estúdios esperam recuperar o valor investido nas bilheterias e em licenciamento de produtos.
O risco de não conseguir transformar um grande orçamento em lucro fez a Sony optar por uma estratégia ousada: Tony Vinciquerra, presidente da Sony Pictures Entertainment, anunciou em setembro de 2020 — durante o Bank of America’s 2020 Media, Communications & Entertainment Conference — que o estúdio não tinha planos de lançar filmes até que a situação dos cinemas estivesse normalizada e estável.
“O que não faremos é cometer o erro de lançar um filme muito caro, de US$ 200 milhões, no mercado, a menos que tenhamos a certeza de que os cinemas estarão abertos e operando com capacidade significativa", disse Vinciquerra. “Você verá muitas coisas estranhas acontecerem nos próximos 6 meses em relação a como os filmes são lançados, programados e comercializados, mas quando voltarmos ao normal, teremos aprendido muito, eu acho e espero descobrir maneiras de fazer as coisas de maneiras diferentes e, com sorte, melhores”, afirmou o presidente da Sony.
Um dos exemplos mais críticos foi Mulan. O novo live-action da Disney teve premiére nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas precisou ser adiado às vésperas da sua estreia comercial nos cinemas. Com isso, o gasto voltado ao marketing foi jogado fora, e a Disney optou por lançar o filme em apenas alguns países , mas a bilheteria não chegou a US$ 70 milhões. O orçamento de Mulan foi estimado em US$ 200 milhões — com o valor da publicidade do filme, a Disney deve ter gasto, pelo menos, US$ 300 milhões.
Por outro lado, o cenário para algumas produções pode ter sido menos problemático. Velozes & Furiosos 9, por exemplo, foi um dos primeiros a ter a data de estreia alterada, e a Universal optou por adiar em 1 ano. Com isso, o estúdio não precisaria mais focar seus esforços em marketing a curto prazo. De maneira geral, a maior parte dos esforços promocionais e de publicidade de um filme ocorre nas duas semanas anteriores ao seu lançamento. Assim, a Universal não chegou a gastar um valor muito alto no marketing do filme.
Prejuízos para além das salas de cinema
Desde o lançamento de Star Wars: Episódio IV — Uma Nova Esperança, os grandes estúdios de Hollywood investem em licenciamento de suas principais franquias. Os produtos relacionados a esses filmes ajudam na campanha de divulgação e servem para oferecer um retorno que não se limita às salas de cinema.
Porém, com a pandemia, a situação acabou mudando drasticamente. Enquanto varejistas nos EUA — como Walmart, Target e Amazon — já têm os produtos em mãos e alguns até disponíveis para compra, o atraso do filme atrapalhou as vendas. Isso acontece porque os principais produtos relacionados a filmes como Mulher-Maravilha ou Viúva Negra costumam ser vendidos nas duas primeiras semanas após seus lançamentos nos cinemas. Além disso, os estúdios esperam que tais produtos tenham alguma sobrevida em eventos como a Comic Con, que em 2020 aconteceu apenas online.
Portanto, o cenário para 2021 não parece ser muito diferente, embora seja difícil prever o impacto que distribuir o filme solo da Viúva Negra diretamente no Disney+ teria para a venda dos produtos da heroína. Esse foi o caminho escolhido pela Warner, que este ano deverá lançar seus principais filmes no HBO Max. Resta esperar para ver se os demais estúdios seguirão essa nova tendência.
*Informações Tec Mundo