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Três Lagoas

Quase 70 pessoas desapareceram em Três Lagoas neste ano

Deste total, 31 voltaram para casa, três foram encontrados mortos, e 33 casos continuam em aberto

Sessenta e sete pessoas foram dadas como desaparecidas pela polícia apenas neste ano. Os dados são da Delegacia Regional de Três Lagoas. De acordo com o levantamento, feito à pedido do JP, de janeiro a junho deste ano, foram registrados nos delegacias da cidade 67 boletins de ocorrência de pessoas desaparecidas. Deste total, 31 voltaram para casa, três foram encontrados mortos, e 33 casos continuam em aberto. Entretanto, conforme o delegado regional, Vitor José Fernandes Lopes, o número destes casos não elucidados pode ser menor. “Acontece que, às vezes, a família localiza a vítima e não comunica a Polícia Civil. Nesta situação a ocorrência fica em aberto no sistema. Por isso, ressalto a importância dos familiares comunicarem a polícia quando a pessoa sumida é localizada”, explicou.

Caso semelhante foi registrado nessa semana, quando a mãe de um jovem de 19 anos – cujo nome será preservado – procurou a equipe de reportagem para informar o desaparecimento do filho. Quando ela procurou a reportagem, o garoto estava desaparecido há sete dias. Entretanto, ontem, ela comunicou que ele foi encontrado na casa de um parente, já em Campo Grande. À reportagem, ela informou que já havia procurado a polícia para retirar a queixa. 


De acordo com o delegado, entre as 31 pessoas que voltaram para casa, os motivos do sumiço variam. Por exemplo, alguns desapareceram por conta da dependência química e passar dias em pontos de uso de drogas, outros por desentendimentos familiares e ainda tem aqueles que se envolvem em aventuras amorosas. 


No entanto, entre as ocorrências sem elucidação está o caso dos amigos, Claudio Maciel de Araújo, 26, conhecido como Zóio, e Cristiano Santos Silva, 31, o Pick. Segundo a família de Silva, os dois, saíram de casa no dia 28 de março deste ano, por volta das 19h30, na motocicleta de Pick, e nunca mais apareceram. A família de Silva, registrou boletim de ocorrência no 3º DP, no dia 1º de abril, às 10h10.


Ontem, completou três meses que os amigos desapareceram. A família para cobrar uma resposta do caso das autoridades três-lagoenses confeccionou camisetas e banners com a foto de Silva, e foi para as ruas protestar.  


Segundo Daniela Santos Silva, 31, irmã de Silva, a família quer uma resposta. “Nos não vamos desistir, queremos uma resposta concreta. Se ele está morto, queremos ter o direito de enterrá-lo. Ele é um ser humano”, disse.


 Já a mãe dele, Rosangela Santos Silva, acredita que o filho (Pick) está vivo. Mas, sem reposta, ela conta, que só dorme a base de calmantes. “Vou lutar até a polícia encontrar meu filho”, frisou. E continuou: “Vou lutar por ele e pelo Zóio, já que mãe dele morreu de infarto, meses após o desaparecimento”, falou.
Outro detalhe que indigna a família de Pick é que a moto dele foi encontrada, um dia após seu desaparecimento, na avenida Antônio Estevão Leal, próximo ao número 355. O veículo estava jogado em um terreno baldio, com a chave na ignição.


Porém, até agora os familiares não conseguiram retirar o veículo do pátio da 1ª Delegacia de Polícia. Conforme Cristina Santos Silva, irmã de Silva, ela fez um empréstimo de R$ 1 mil para quitar o veículo na garagem onde o irmão comprou a motocicleta. Mas, até o momento o veículo não foi liberado. 


Conforme o delegado Regional, a Delegacia de Investigações Gerais está investigando o desaparecimento da dupla de amigos, mas até o momento nada foi esclarecido.