Quase 900 presos são mantidos, hoje, em delegacias de Mato Grosso do Sul. A informação é do presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul (Sinpol), Giancarlo Miranda. De acordo com ele, pelo menos 49 delegacias abrigam presos por falta de vagas nas unidades penais do Estado.
A custódia de presos por policiais civis voltou a ser tema de discussão em Mato Grosso do Sul após a morte de um agente da Polícia Civil na cidade de Pedro Gomes. O investigador foi espancado e morto por internos custodiados nesta quarta-feira. Este, no entanto, foi o segundo caso de agressão a policiais civis por presos em menos de uma semana. Outro caso havia sido registrado em Água Clara, há três meses, aproximadamente.
De acordo com o presidente do Sinpol-MS, a custódia de presos não é obrigação do policial civil. “Presos tem direito a banho de sol, visita, atendimento de advogados. Delegacia não é presídio”, declarou ao JP News por telefone.
Em coletiva à imprensa, o Sinpol alertou sobre o risco a que os policiais civis se expõem ao custodiar detentos. De acordo com a instituição, das 51 delegacias existentes em todo o Estado, 29 estão com ocupação entre 12,5% a 450% excedente. Na maioria dos casos, essa custódia é feita por um ou dois agentes de plantão.
“O policial civil forma-se na academia para investigar, realizar prisões e elucidar crimes, não para custodiar presos. Nós cobramos das autoridades competentes que comecem imediatamente a retirada dos detentos das delegacias ou que coloquem agentes penitenciários dentro das unidades, pois eles são os profissionais que possuem essa função. Até quando esperaremos que os policiais civis paguem com suas vidas o descaso das autoridades?”, enfatizou o presidente do Sinpol-MS, Giancarlo Miranda, através de nota à imprensa.
Nesta quarta-feira, representantes do Sinpol-MS participou de uma reunião na Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para debater o tema. O assunto também será tema de uma assembleia geral que acontece nesta sexta-feira, às 11h, em Campo Grande.
Em Três Lagoas, são 11 presos mantidos na carceragem da 1ª Delegacia de Polícia. O volume de internos, no entanto, varia. Hoje, a custódia dos presos é feita por dois agentes plantonistas, que precisam dividir a função com as demais atividades da delegacia.