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Lama Asfáltica

Recursos desviados do Detran iam para o exterior

Agentes federais cumpriram mandados em Campo Grande e Dourados

Agentes federais cumpriram mandados em Campo Grande e Dourados - Divulgação
Agentes federais cumpriram mandados em Campo Grande e Dourados - Divulgação

A sétima fase da Operação Lama Asfáltica revelou que a organização criminosa que atuava dentro do Detran – MS e que desviava recursos através de processos licitatórios, lavava o dinheiro no Paraguai, com empresas laranjas, para depois reintroduzir o dinheiro no Brasil.

Segundo o delegado responsável pela nova fase da operação, Leonardo Rafaini, os criminosos faziam a remessa do dinheiro para o país vizinho através de um mercado paralelo de transferências. “Também foi revelado um esquema para dar destinação a esses recursos ilícitos, através da constituição de empresas de fachada, arremessa ilegal de valores para o Paraguai, através da operação dólar-cabo e a posterior reintrodução desses valores no Brasil”, afirma.

A operação dólar-cabo consiste em uma negociação de créditos entre doleiros, em uma espécie de “acordo de cavalheiros”. De Mato Grosso do Sul os acusados contatavam os doleiros no Paraguai para transferir o dinheiro sem chamar a atenção da Receita Federal, o que é considerado crime de evasão de divisas.

As medidas de Busca e Apreensão foram cumpridas em Campo Grande e Dourados, em uma ação conjunta entre a Polícia Federal, servidores da Controladoria Geral da União e Receita Federal. A relação dos valores contabilizados ainda no dia 24, é de um montante de R$ 96.860,00, U$ 49.000,00, € 11.645,00 e £ 795,00. O valor final ainda está sendo contabilizado, mas a PF divulgou que acredita que o valor seja correspondente a cerca de R$ 500.000,00.

Deflagrada na terça-feira (24), a Operação ‘Motor da Lama’ é a sétima fase da Operação Lama Asfáltica. A nova investigação teve como foco contratações realizadas pelo Detran de Mato Grosso do Sul e possíveis crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ainda segundo o delegado, a investigação tomou o caminho do Departamento Estadual de Trânsito juntamente por apresentar provas que apontassem para este destino.

“Foram justamente as provas, indícios obtidos nas fases anteriores [que levaram a investigação para este caminho]. Análise documental dos documentos apreendidos em fases anteriores, análise do conteúdo de aparelho celulares e computadores”, finaliza o delegado. Ao todo foram cumpridos 11 mandados de Busca e

Apreensão, expedidos pela 3ª Vara Federal de Campo Grande, além de o bloqueio de R$ 40 milhões de reais e medidas cautelares diversas.  
O nome da operação “Motor da Lama” faz referência ao fato de as investigações se concentrarem sobre os recursos públicos desviados em licitações relacionadas a vistorias em veículos automotores. Mas a operação teve início em 2015 para desarticular organizações criminosas especializadas em desviar recursos públicos.