Estatística divulgada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), baseada em dados do Ministério da Saúde, revela uma queda média de 69% no total de cirurgias no país pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de varizes, entre os anos de 2019 e 2021.
Em 2019, a rede pública contabilizou a realização de 68.743 cirurgias para varizes – bilateral e unilateral, bem como a ressecção das veias. Em 2020, ano em que a pandemia efetivamente se instalou no país, este total caiu 59%, ficando com uma produção efetiva de 28.354 cirurgias.
No ano seguinte, em 2021, houve um esforço para a retomada dos atendimentos. Mesmo assim, foi insuficiente para recuperar os patamares pré-pandêmicos, com um déficit de 24% no volume de cirurgias para varizes. O dado absoluto foi de 21.604 procedimentos.
Em Mato Grosso do Sul foi registrada a 3ª maior queda no total de cirurgias realizadas (-92%).
O consultor da Rádio CBN Campo Grande, o médico Edgard Nasser, da coluna Consultório CBN, disse que a demanda reprimida para esse tipo de procedimento pode ser ainda maior, já que após a pandemia muita gente não teve a oportunidade de ser avaliada por um especialista.
"Precisa-se criar um serviço de referência em doenças venosas que, infelizmente, não existe aqui no nosso estado. É imprescindível que tenha o mínimo de estrutura, equipe e organização para realização dos procedimentos e acompanhamento dos pacientes. E que consiga absorver toda essa demanda ou parte dela […] Lembrando que varizes é uma doença crônica e ela vai evoluindo, além de serem necessárias manutenções", explica o cirurgião vascular.
A produção da CBN Campo Grande solicitou dados atualizados à Secretaria de Saúde do Estado, que está fazendo um levantamento sobre essa situação em MS.
Assista abaixo à integra da entrevista realizada nesta quarta-feira (3) com o médico Edgard Nasser:
DADOS GERAIS
Ao longo de dez anos (2011-2021), o SUS respondeu pela realização de 552.332 operações de varizes, com uma média anual de 55.233 casos atendidos. Assim, o resultado alcançado em 2021 foi de apenas 40% desse número. O fenômeno foi sentido em todas as regiões brasileiras, que registraram um comportamento semelhante nos indicadores informados oficialmente ao Ministério da Saúde, cujos dados disponibilizados foram analisados pela SBACV.
Em termos proporcionais, dentre as regiões, o pior desempenho foi sentido na Região Norte, com uma queda de 72% no número de cirurgias, quando colocados em perspectivas as informações de 2019 e de 2021. Na sequência, aparecem o Sul (- 71%), o Sudeste (-70%), o Nordeste (-63%) e o Centro-Oeste (-51%).
No período verificado pela SBACV, os nove estados do Nordeste tiveram redução na produtividade de cirurgias, que foram de 8.123 para 3.010, em dois anos. O mesmo aconteceu nas quatro unidades do Centro-Oeste, com um decréscimo na realização de operações, que totalizaram 3.175 procedimentos, em 2019, e 1.545, em 2021.
Na comparação entre 2019 e 2021, dentre os 27 estados, 26 apresentaram variação percentual negativa ao avaliar os dados de realização de cirurgias para varizes.
Os piores desempenhos relativos foram percebidos nas seguintes unidades: Acre (-95%), Espírito Santo (-92%), Mato Grosso do Sul (-92%), Bahia (-84%), Paraná (-84%), Distrito Federal (-74%), Minas Gerais (-73%), Ceará (-70%), Pará (-70%) e São Paulo (-67%). Em outras áreas, os índices variaram de -15% (Alagoas) a -66% (Paraíba). O único estado a registrar resultado positivo foi o Mato Grosso (44%).
DOENÇA
Varizes são veias alongadas, dilatadas e tortuosas que se desenvolvem abaixo da pele, que, em função de sua fase de desenvolvimento, podem ser de pequeno, médio ou de grande calibre.
Os membros inferiores (pés, pernas e coxas) são os mais acometidos por ser doença que pode ser causada por múltiplos fatores, como predisposição genética, gravidez, idade avançada, sexo feminino, etc. Além do transtorno em si, causados pelos sintomas, as varizes podem ser responsáveis por alguma outra situação até mais.
Quando não recebem os cuidados necessários, as varizes podem dar origem a outras complicações. As principais e de maior risco são flebites, tromboses, manchas nas pernas e feridas (úlceras).
Também podem piorar na forma de insuficiência venosa, com sintomas como, sensação de peso, cansaço e queimação nas pernas, bem como dormência, alterações de mudança da textura da pele, deixando-a mais suscetível a lesões, úlceras, infecções e sangramento.
*Com informações divulgadas pela SBACV