Vivenciar uma relação abusiva, além de trazer consequências físicas, como nos casos de agressão física, tem impacto direto na saúde mental de quem passa por isso. Procurar ajuda profissional pode ajudar a tratar os principais sintomas.
As vítimas de relações abusivas podem adoecer de verdade, se houver, de fato, um prolongamento das situações que são vividas. Isso pode acontecer de duas formas, segundo o psicólogo Marcos Martinelle. “Pode haver um adoecimento emocional quando falamos de transtornos depressivos, ansiedade ou ainda relacionados a ataques de pânico ou então apresentar emoções que são disfuncionais neste contexto como tristeza, angústia, medo, vergonha. É como se ela começasse a se perder dentro dela mesma, por isso os sintomas da saúde mental é bem significativo”.
Outra consequência citada por ele também é o trauma deixado pela relação que vai impedir que essa pessoa tenha futuros envolvimentos ou ainda que demore para ter novamente um círculo social. “A qualidade da saúde mental não pode ser medida pela ausência de uma doença grave. Há outros sinais que indicam que ela não está bem”.
AJUDA
Martinelle cita a importância da psicoterapia dentro deste cenário. “O profissional que atender a vítima de relação abusiva tem que acolhe-la inicialmente e, mais do que isso, não apontar se houve erros. É preciso que ele conduza a pessoa a se identificar dentro do relacionamento para ela entender o que é o abuso propriamente dito e o que ele pode causar. Feito isso é necessário que seja restabelecida a auto estima, a auto confiança para que ela tome de volta as rédeas da própria vida.
Apesar da grande oferta de profissionais, o psicólogo explica que a psicoterapia nem sempre é acessível para toda a população. Desta forma, algumas organizações não governamentais, programas sociais ou grupos desempenham um papel importante no acolhimento destas vítimas e conseguem atingir um número maior de pessoas. Centros especializados em Assistência Social também auxiliam no atendimento daquelas que se encontram em vulnerabilidade social.
CARACTERÍSTICAS
O psicólogo diz ainda que uma relação abusiva começa muito antes de haver uma agressão física. “Ela se caracteriza por uma relação de poder que uma pessoa exerce sobre a outra e isso não está ligado necessariamente a violência física, até por que ela pode ser psicológica, verbal e até patrimonial”. Uma das formas de ajudar é ser rede de apoio e não julgar quem está vivendo essa situação. “Não se trata de dizer o que é certo ou errado e sim de fazer ela entender o que está acontecendo com ela. Permanecer ou não é uma decisão individual”.
Ele reforça também que é importante lutar para que haja políticas públicas voltadas para estas vítimas que garantam atendimento todas as vezes que ela vivenciar uma situação abusiva. “Muitas vezes os amigos e os familiares deixam de ajudar com o tempo, mas a política pública sempre deve estar disponível, mesmo em caso de reincidência”.
Confira a entrevista abaixo: