A escolha dos ministros do ainda futuro governo do presidente Jair Bolsonaro não teve nenhum critério de representação política dos Estados no Congresso Nacional. Não é necessário sair do exemplo de Mato Grosso do Sul, que terá dois representantes no primeiro escalão a partir de janeiro, para se chegar a esta conclusão.
Comparativamente a outros Estados com “protagonismo” político mais acentuado, Mato Grosso do Sul deixa o status de ente periférico da União para se tornar estratégico para os planos do novo presidente, mesmo com uma bancada federal de “apenas” oito parlamentares.
Outra prova de que o presidente destoou de antecessores na escolha de seus ministros foi o critério técnico das nomeações. Luiz Henrique Mandetta, que é médico, será ministro da Saúde. Tereza Cristina da Costa Dias, futura ministra da Agricultura, é agrônoma de profissão.
Para o Estado que tenta consolidar-se como potência em exportações de minério, grãos e celulose, Mato Grosso do Sul vai ocupar a pasta que trata diretamente deste setor, com força suficiente para dar-lhe protagonismo. Na Saúde, nem é preciso citar que Mandetta vai encarar a difícil missão de equilibrar investimentos, historicamente dirigidos em maior parcela a outras regiões do país, tendo como causa o quesito densidade populacional.
Nas indicações, Bolsonaro considerou, basicamente, os critérios de conhecimento das áreas e as relações pessoais. Com os representantes de Mato Grosso do Sul, o futuro presidente irá desfrutar de um relacionamento que transcende o caráter partidário, indo até a margem da pessoalidade, visto que conviveu com ambos na Câmara dos Deputados por pelo menos dois mandatos. Certamente que isso foi levado em conta, além da questão de que Mandetta e Tereza Cristina possuem ficha limpa e reconhecida vida política.
A ida dos representantes do Estado ao Executivo está, certamente, revestida de grande expectativa e de torcida dos sul-mato-grossenses para que trabalhem bem ao lado do presidente.