Apesar da Legislatura municipal, presidida pelo ex-vereador Antônio Rialino Medeiros de Araújo, no biênio de 2007/2008, haver terminado em 31 de dezembro, passados 40 dias, continua a distribuição de uma revista da Câmara Municipal de Três Lagoas, que teria o objetivo de ser um “Relatório de Gestão 2007/2008”.
A revista é um projeto gráfico da editora Qualitas Brasil, de Campo Grande, e tem como jornalista responsável, Ariosto Mesquita. No biênio 2007/2008, Ariosto Mesquita foi contratado pelo então presidente da Câmara Municipal, o ex-vereador Rialino, para pontuar as agências de Comunicação no processo de licitação, em que a Qualitas Brasil também era uma das participantes, para publicação e divulgação dos atos legislativos. Nesse processo licitatório, a Qualitas Brasil acabou sendo contratada e realmente prestou serviços à Câmara Municipal, durante o biênio em que Rialino foi presidente da Mesa Diretora e gestor dos recursos do duodécimo.
Impressa em papel couchê laminado, de considerada gramatura, um dos mais caros do mercado, a revista de 38 páginas, todas impressas a cores, deixa de ser um completo “Relatório de Gestão” dos 10 vereadores que compunham a Legislatura passada, para tornar-se um veículo de autopromoção do então presidente da Câmara Municipal.
Além do destaque dado à quantia de dinheiro, devolvido ao Poder Executivo (página 19), em nenhuma outra página da revista se faz referência a valores gastos no biênio 2007/2008. Aliás, a revista não publica qualquer balanço ou balancete da Câmara Municipal, em qualquer uma das 38 páginas.
Omite informações e prestação de contas de investimentos aplicados na ampla reforma do prédio e mobiliário do recinto do Plenário e também o que foi gasto nas obras de construção do chamado Salão de Eventos, inaugurado no dia 23 de dezembro de 2008. O leitor da revista perde também a oportunidade de saber quanto a Câmara gastou nesse biênio com o salário e diárias de vereadores, realização de eventos, funcionários, manutenção do Legislativo e outras despesas.
VEÍCULOS
Na mesma revista, que deveria ser “Relatório de Gestão”, não é citada a compra de dois veículos, um em 2007 e outro em 2008, nem mesmo os valores pagos nessas duas aquisições. Em 2007, o então presidente Rialino autorizou a compra de um veículo GM/Corsa, modelo Maxx, quatro portas, preto, placa HSH 0783. Como esse veículo não bastasse, em 2008 foi comprado um outro automóvel de luxo, desta vez um Toyota/Corolla, modelo XEI, preto, quatro portas e câmbio automático, placa HTA 7669. Esse veículo está hoje a serviço do atual presidente da Câmara Municipal, vereador Fernando Milan Amici, com direito a motorista particular, especialmente contratado para essa finalidade.
TRABALHOS LEGISLATIVOS
A referida revista, em vez de dar destaque aos trabalhos legislativos de cada vereador, Indicações, Requerimentos e Projetos de Leis, relata e dá mais destaque àqueles projetos de leis que foram encaminhados à Câmara Municipal pelo Poder Executivo. Para relatar o que cada um dos 10 vereadores fez, incluindo também o então presidente, ex-vereador Rialino, o chamado “Relatório de Gestão”, reservou apenas uma minguada meia página da revista. Nesse reduzido espaço, de apenas cinco páginas para os 10 vereadores, aparece mais a divulgação ou informação sobre o currículo de cada um, do que o que ele realmente realizou, como representante da população que o elegeu.
DESCONHECIMENTO
Procurado ontem (10) pela reportagem do Jornal do Povo, o presidente da Câmara Municipal, vereador Fernando Milan Amici, disse que desconhecia a revista que lhe foi apresentada, assim como também não sabia que ela estava agora sendo distribuída pela Cidade.
Segundo informou o vereador Antônio Luiz (“Tonhão”) Teixeira Empke Júnior, presente naquele momento no Gabinete da Presidência, um exemplar da referida revista foi entregue a cada um dos vereadores, na solenidade de inauguração do Salão de Eventos.
Quanto às informações sobre quantos exemplares foram impressos, valores da impressão e despesas pagas ao jornalista responsável pelo trabalho que realizou, Fernando Milan disse também que não estava “a par dessas despesas, porque não foram contraídas na minha administração. Eu respondo pela Câmara Municipal, a partir do dia 1º de janeiro de 2009”, disse.
Quanto à insistência da Reportagem para poder informar ao leitor sobre o quanto a Câmara Municipal gastou com a Revista, os valores pagos na compra dos dois veículos, reforma e mobiliário do recinto do Plenário e construção do chamado Salão de Eventos, Fernando Milan informou que o Jornal do Povo teria que apresentar um Requerimento, encaminhado à Presidência da Câmara, requisitando essas informações.