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Três Lagoas

Salário mínimo será de R$ 724 a partir de amanhã

Aumento nominal de 6,78% deverá ser aplicado para todos os trabalhadores

Em Três Lagoas, estima-se que 16,1 mil pessoas ganham de meio a um salário mínimo -
Em Três Lagoas, estima-se que 16,1 mil pessoas ganham de meio a um salário mínimo -

A partir de 1º de janeiro, o salário mínimo do brasileiro será de R$ 724. O aumento, de 6,78% a mais do que os R$ 678 atuais, foi confirmado pela presidente Dilma Rousseff no último dia 23, através de uma publicação na rede social Twitter, onde ela informou a assinatura do decreto que institucionaliza o reajuste. 

Esse valor, conforme informações do governo federal, está previsto no Orçamento da União, aprovado pelo Congresso Nacional na semana passada. O aumento, entretanto, foi inferior ao do ano passado, quando o salário mínimo saltou de R$ 622 para R$ 678 – aumento de 8,83% (R$ 46) sem levar em consideração a inflação.
 
Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento do salário mínimo deverá injetar R$ 28,4 bilhões na economia no próximo ano. A pesquisa apontou que 48,2 milhões de brasileiros têm o rendimento atrelado ao salário mínimo. 
Em Três Lagoas, os dados mais recentes são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgado no ano passado. Naquela época, a pesquisa domiciliar apontou que, os três-lagoenses, cerca de 16,1 mil pessoas ganhavam, em 2010, uma média de meio a um salário mínimo. Já outros 40,5 mil habitantes tinham rendimento de um a dois salários mínimos. 
 
Além disso, o reajuste do mínimo deverá impactar no salário da grande maioria dos trabalhadores da cidade. É o que explica o economista Marçal Rogério Rizzo, professor doutor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
 
De acordo com ele, a partir do aumento do salário mínimo, inicia-se uma corrente de reajustes de outras categorias. A luta, explicou, é para garantir que o aumento seja pelo menos o mais próximo possível ao reajuste do mínimo.
 
Quando criado pelo Getúlio [Vargas], o salário mínimo era para ser um piso nacional. Ou seja, nenhum trabalhador urbano, na época os trabalhadores rurais foram excluídos, poderia ganhar menos que isso. O que ocorre é que, em muitos casos, o piso transforma-se em teto. As discussões salariais das classes, agora, serão para que o aumento salarial de cada categoria acompanhe esse reajuste”, completou.
 
Dados de Informações para o Sistema Público de Emprego e Renda (Isper), do Ministério do Trabalho, apontam que, em média, o trabalhador três-lagoense ganha R$ 1,3 mil ao mês. Na extração mineral, a remuneração é de R$ 1,6 mil ao mês, mesma média registrada na indústria da transformação. Já na construção civil, o salário médio de um trabalhador é de R$ 1,547 mil, semelhante ao registrado pela agropecuária, R$ 1.524 mil. O setor de serviços também paga, em média, R$ 1,2 mil, enquanto que, no comércio, o trabalhador recebe R$ 1 mil. 
 
“Não há como prever quanto deverá aumentar em cada setor. Cada categoria irá brigar pelo seu aumento. Além disso, têm outras variantes do mercado que precisam ser levadas em conta, como por exemplo, se aquele determinado setor está aquecido ou não”. 
 
Embora o número seja significativo, R$ 46 a mais, o economista também alerta para a diferença entre aumento nominal e aumento real. No segundo caso, leva-se em consideração a inflação, o reajuste será de apenas 1,18%, segundo estimativa do Dieese. A inflação foi de 5,54% no período medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Mesmo assim, o Dieese aponta o novo salário mínimo com o maior valor real na série de médias anuais desde 1983. Com ele, é possível comprar 2,23 cestas básicas de R$ 325,26 cada, o que foi citado como a melhor relação salário-cesta desde 1979. 

DISCREPÂNCIA
O economista também chama a atenção para a diferença existente entre o real salário mínimo e a necessidade do trabalhador. “Antigamente, você ouvia a sua avó dizer que comprou uma casa com o salário mínimo. Mas naquela época era outra realidade. Ela tinha plantação de hortaliças em casa, morava próximo ao trabalho, não tinha gastos com celular e não estava nesse alto padrão de consumo”, lembrou.
 
Essa diferença também foi apontada pelo Dieese. Segundo levantamento feito pela revista Exame, também com dados do departamento de estudos, o trabalhador precisaria de um salário de R$ 2.761,5 mil para conseguir atender as necessidades básicas, atualmente o valor quatro vezes superior ao real salário mínimo (R$ 678). “O salário mínimo sempre foi muito defasado. Ele atingiu um pico no período JK e depois voltou a cair, no governo dos Fernandos(presidentes Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso) e tendo uma nova alta no período do Lula e tem seguido a mesma média com a Dilma”, concluiu Marçal.