De janeiro deste ano até ontem, a Secretaria Municipal de Saúde registrou 33 casos notificados por acidentes com escorpiões em Três Lagoas. O número equivale a 3,3 casos por mês. Em 2015 houve 23 acidentes registrados por esses animais que, dependendo da espécie, pode levar a vítima à morte.
Foi o que ocorreu no domingo (9) com uma menina de 10 anos, moradora de Brasilândia, município a 60 quilômetros de Três Lagoas. Jhenifer Kamily Garutti morreu poucas horas após ser picada por um escorpião.
Segundo a mãe dela, Elizabeth dos Santos Garutti, a menina foi picada durante o banho, por volta das 20h. O escorpião saiu do ralo do banheiro e atacou. Assim que o fato ocorreu, Jhenifer foi levada ao hospital de Brasilândia, onde recebeu medicação e, logo em seguida, transferida para o Hospital Auxiliadora de Três Lagoas, onde morreu às 23h43.
O acidente reacendeu a discussão sobre o aparecimento de escorpiões em Três Lagoas que, todo ano, em determinando período, registra muitas reclamações de moradores sobre o surgimento desses animais.
A preocupação aumentou em decorrência da morte da garota. Moradores relataram que tem sido comum encontrar escorpiões em diversos bairros da cidade. Foi o que ocorreu com uma moradora do Jardim Planalto, que encontrou nesta semana um escorpião dentro de casa. “Tomem cuidado, gente! Olha o que apareceu na minha casa!”, alertou Luciane Oliveira Diogo, que postou a foto de um escorpião em seu perfil na rede social Facebook.
O responsável pelo Setor de Educação e Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Fernando Garcia, disse que cresceu o número de acidentes com escorpiões em Três Lagoas. Informou que é comum o animal sair de ralos porque habitam em redes de esgoto. “Esses animais se alojam na rede de esgoto, onde tem fonte de alimento, que são as baratas. Lá ele tem um local protegido e há umidade”, explicou, ressaltando a necessidade dos ralos dos banheiros serem cobertos com telas.
MEDICAÇÃO
Mesmo o paciente tomando o soro antiescorpiônico, Fernando Garcia disse que o óbito não é descartado. “Muitas vezes é aplicada dosagem a mais de soro para combater o veneno, porque cada organismo reage de uma maneira”, explicou.
Nacionalmente, segundo Garcia, o soro não é produzido em grande quantidade. Ele disse que em Três Lagoas há o produto, mas desconhece a realidade de outros municípios do Estado. “Sabemos que é precária a produção do soro no Instituto Butantan. A produção em grande escala demora muito, porque a liberação do veneno do animal sai em gotinhas. Sabemos que no Brasil ocorre essa dificuldade de produção do soro”, esclareceu.
CASOS
O Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo é a principal espécie que causa acidentes graves, com registro de mortes, principalmente de crianças.
Segundo Fernando, em Três Lagoas são encontradas várias especiais de escorpiões, inclusive o amarelo. “Principalmente na região central da cidade, onde há rede de esgoto. Esse animal também se aloja em entulhos e materiais de construção”, alertou.
103 casos com animais peçonhentos são registrados
De janeiro deste ano até ontem a Secretaria Municipal de Saúde registrou 103 acidentes causados por animais peçonhentos (os que possuem capacidade para injeção de veneno) em Três Lagoas.
Desse total, 33 foram por escorpiões, 30 com abelhas, 21 com arraias, marimbondos, entre outros, 10 com serpentes, oito com aranhas e um com lagarta.
Do total de acidentes com escorpiões, 51,5% foram com homens e 48,5% com mulheres. Segundo dados da secretaria, 75,8% dos casos ocorreram na zona urbana e 24,2% em sítios ou fazendas.
No ano passado, 79 casos de acidentes por animais peçonhentos foram registrados em Três Lagoas. Desse total, 29 por abelhas e 23 por escorpiões.