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10 Feridos

Sejusp diz que ação que matou indígena foi para conter traficantes

Chefe da pasta relatou durante coletiva que indígenas inseridos no ciclo da maconha queriam instalar caos na região

Indígenas oriundos do Paraguai, onde trabalham nas roças de maconha plantadas no departamento vizinho de Amambay, seriam os alvos da ação policial desta sexta-feira (24) em Amambai, cidade brasileira no sul de Mato Grosso do Sul e localizada a 351 km da Capital. A afirmação foi feita pelo chefe da pasta estadual de Segurança Pública.

Antonio Carlos Videira deu entrevista coletiva no fim da tarde desta sexta após conflitos terem Amambai e Naviraí, ambas cidades do Conesul sul-mato-grossense, como epicentro. No primeiro município, a ação resultou por ora em uma morte de indígena confirmada, número que segundo entidades Guarani Kaiowá pode aumentar para até cinco.

"São indígenas de roças de maconha no Paraguai que vem para cá e estavam buscando destituir a liderança eleita, instalando o caos na região", comentou Videira, negando que a ação se tratava de um reintegração de posse de área particular, feita sem aval judicial.

Além da morte já confirmada, sete indígenas ficaram feridos, ao lado de três policiais. Todos foram levados para o Hospital Regional de Amambai. Dois indígenas, um com perfuração na barriga e o outro com o fêmur quebrado, precisaram ser transferidos para atendimento mais avançado em Ponta Porã, grande cidade mais próxima.

Segundo apurado pela CBN Campo Grande, a vítima que morreu já chegou em óbito ao hospital, sendo que mais vítimas são esperadas pelas equipes do Regional de Amambai. A maioria dos feridos são adolescentes, mas não há confirmação oficial das idades.

RETOMADAS

O caso aconteceu nas redondezas da Aldeia Amambai, a segunda maior de Mato Grosso do Sul e que conta com 7 mil indígenas, aproximadamente. Há cerca de um mês, um ato de retomada na fazenda Borda da Mata iniciou as tensões na região – os donos da fazenda foram procurados, mas até o fechamento do texto não foram encontrados.

Contudo, a tensão foi resolvida após negociações naquele momento, voltando a fugir do controle apenas a partir da nova retomada realizada ontem (23), após manifestações contra a criação de um Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas.

Apesar disso ser dado como estopim para a ação policial pelos próprios indígenas, a Sejusp sustenta ainda que a ocorrência de hoje foi realizada após pedidos de lideranças da região contra o tráfico. "A PM foi acionada, mas a propriedade é muito próxima da aldeia e optamos por levar o Choque, que logo na chegada foi recebida a tiros", disse Videira.

"Eles foram atingidos nas pernas e nos braços, mas foram lesões sem gravidade pois eles usavam equipamentos de segurança", destaca o chefe da segurança estadual ao falar sobre os três policiais feridos na ação, que retornam para Campo Grande enquanto os demais colegas permanecem em Amambai para dar continuidade à ação.

Um helicóptero foi usado nos trabalhos, sendo atingido por disparos de arma calibre 22. O equipamento vai retornar à Campo Grande para avaliação, junto com os policiais feridos. Caso possível, a aeronave retornará para seguir operando na área de tensão.

FERIDOS E MORTES

Apesar da ação ter tido seu ápice durante à manhã, os feridos só chegaram mais tarde ao Hospital Regional de Amamai. Até o meio da tarde, o número de atendidos ali era de três policiais e seis indígenas. Já no fim da tarde, mais dois indígenas chegaram: uma adolescente ferida e um homem, já morto, com aproximadamente 25 anos.

Conforme revelado à reportagem pela por funcionários do hospital, as equipes estão prontas para receber mais feridos. Essa possibilidade se deve a relatos dos próprios policiais, informações que batem com os relatos das entidades indígenas.

O Conselho Indígena Kaiowá Guarani, Aty Guasu, por exemplo, aponta que houveram duas mortes em carta publicada em seu perfil oficial no Instagram. Já o grupo de juventude Guarani Kaiowá de Mato Grosso do Sul postou que as mortes podem chegar a cinco.