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Três Lagoas

SIG prende mulher e identifica segundo envolvido em latrocínio

Adolescente foi apresentado ontem, em entrevista coletiva concedida

Adolescente alega que tiro foi acidental e que está arrependido - Elias Dias/JP
Adolescente alega que tiro foi acidental e que está arrependido - Elias Dias/JP

Investigadores da Seção de Investigações Gerais (SIG) prenderam, ontem, mais uma pessoa suspeita de envolvimento com o assalto, que resultou na morte de uma adolescente de apenas 12 anos, no fim de semana. A jovem Patrícia Ronconato Spessato, 27 anos, foi presa em uma ação policial realizada na manhã desta terça-feira, 9, por ser suspeita de ter dado cobertura e esconder os suspeitos após o crime.

De acordo com o delegado Thiago Passos, coordenador da SIG, a polícia conseguiu chegar à casa da suspeita através de informações prestadas pelo adolescente de 16 anos, apreendido em Campo Grande no fim da manhã de segunda-feira, 8. Aos investigadores, o rapaz teria indicado o ponto em que teria abandonado a bicicleta usada no crime e o local onde se escondeu na Vila Carioca até seguir para Campo Grande.

Na casa da acusada, os policiais encontraram as roupas que o adolescente teria usado no dia do crime e também o boné e documentos pessoais do segundo suspeito, com quem a acusada teria um relacionamento. Durante as buscas pela casa, os policiais também encontraram oito porções de maconha e o relógio do avô da garota, levado no assalto. “Em um primeiro momento, ela [acusada] foi autuada por tráfico de drogas e receptação. Ela nega conhecer os suspeitos. Mas, ainda vamos investigar se houve, ou não, participação dela no assalto”, completou o delegado.

Para a equipe de reportagem, Patrícia negou o envolvimento com o crime ou conhecer os suspeitos.

FORAGIDO

O depoimento do adolescente proporcionou à Polícia Civil chegar ao segundo suspeito envolvido no crime, um jovem de 18 anos, que estava na bicicleta no momento do assalto que resultou na morte da garota.

A vítima foi morta quando os dois suspeitos chegaram em uma bicicleta, anunciando o assalto, enquanto que o segundo suspeito, ainda foragido, tentava retirar a pulseira de ouro do braço do idoso. Ao ser reconhecido pela vítima, o adolescente efetuou o disparo que causou sua morte.

O delegado informou que o tiro foi dado de cima para baixo. A adolescente estava sentada em uma cadeira com um bebê de sete meses no colo, quando foi atinginda. “Por pouco, o tiro não atingiu o bebe que estava em seu colo”.

À reportagem, o adolescente alegou que o tiro fora acidental e disse que estava arrependido.

No entanto, a versão não convenceu a Polícia Civil.  “Não houve reação por parte das vítimas. Nos depoimentos, as testemunhas deixaram claro que o adolescente atirou depois de ter sido reconhecido pela vítima”, completou Thiago Passos. Os dois, vítima e adolescente, estudaram juntos.

MÃE

A mãe do adolescente também esteve na sede da SIG no momento da coletiva. À imprensa, ela declarou que sabia do uso de drogas por parte do filho, mas desconhecia o envolvimento dele com assaltos. “Da mesma forma que eu não aguentaria ver meu filho morto, não desejo isso a nenhuma mãe. Ainda mais em uma situação como essa, causada pelo meu próprio filho. Eu preferiria estar no lugar da menina. Agora, quero que meu filho pague pelo que fez. Sei que isso não trará a menina de volta, mas é o mínimo”, declarou.

O adolescente foi apreendido depois de fugir para Campo Grande. Na capital, para onde seguiu com a ajuda do padrasto, ele permaneceu na casa de um tio. O delegado Thiago Passos, no entanto, informou que vai avaliar se houve, ou não, crime de favorecimento por parte dos parentes. O garoto foi detido antes de fugir para Dourados.

Quanto ao comparsa já identificado, Passos explicou que já entrou com pedido de decretação de prisão preventiva. A SIG segue investigando a participação de um terceiro suspeito, que teria encomendado a joia e também emprestado a arma do crime, um revólver calibre 38, que o adolescente alega ter jogado no rio Paraná.

O adolescente permanece na 1ª Delegacia da Polícia Civil aguardando vaga em uma das Unidades Educacionais de Internação (Uneis) do Estado, uma vez que a de Três Lagoas segue interditada e o novo prédio só será inaugurado no dia 17 deste mês.

&saibaLATROCÍNIOS

De acordo com o delegado Thiago Passos, esse foi o segundo caso de latrocínio – roubo seguido de morte – registrado em Três Lagoas neste ano. O primeiro foi aconteceu em maio. A vítima foi um idoso de 62 anos, que foi espancado. Esse crime é um dos mais graves previstos no Código Penal. A pena pode variar de 20 a 30 anos de regime fechado, para maiores de 18 anos. No caso do adolescente, a medida socioeducativa é de três anos no máximo, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente.