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Sindicatos divergem sobre impacto de auxílios governamentais no comércio

A falta de mão de obra para atender a demanda em vários setores gera debates entre sindicatos e desafios para o governo

Comércio de Três Lagoas e demais setores da economia sofrem com a falta de mão de obra; salário baixo e auxílios sociais dos governos são apontados como causas
Comércio de Três Lagoas e demais setores da economia sofrem com a falta de mão de obra; salário baixo e auxílios sociais dos governos são apontados como causas | Foto: Divulgação

O comércio de Três Lagoas enfrenta um paradoxo: sobram vagas de emprego, mas há dificuldade para preenchê-las. O tema foi debatido por representantes dos sindicatos patronal e dos trabalhadores, que apresentaram visões divergentes sobre as causas do problema.

Sueide Silva Torres, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Três Lagoas (Sindivarejo/TL), atribuiu a situação à falta de mão de obra qualificada e à dependência de auxílios governamentais. “Muitos candidatos preferem não aceitar um emprego formal para não perder benefícios como o Bolsa Família. Isso prejudica o desenvolvimento do setor privado”, argumentou. Ele também mencionou que, mesmo com processos seletivos realizados, há dificuldade em encontrar profissionais dispostos a trabalhar.

Por outro lado, Eurides Silveira de Freitas, presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio (Sec/TL), apresentou uma visão distinta, destacando a falta de infraestrutura como um dos principais empecilhos. “O maior desafio é para as mulheres, que compõem a maioria da mão de obra no comércio. Elas enfrentam problemas como a falta de creches com horários compatíveis. As creches fecham às 17h, enquanto o comércio encerra suas atividades às 18h. Isso cria um obstáculo para muitas mães trabalharem”, afirmou.

Ambos concordam que o problema exige soluções conjuntas entre os setores público e privado. “É necessário repensar as políticas públicas, incluindo transporte e educação infantil, para apoiar a mão de obra local”, concluiu Eurides.

Sueide reforçou que “a capacitação e incentivos para o trabalho formal são caminhos para superar essas dificuldades”.

De acordo com os gestores da Casa do Trabalhar de Três Lagoas, não só para o comércio, mas para outros setores, uma das dificuldades é encontrar candidatos qualificados para as vagas disponíveis. Além disso, os salários oferecidos muitas vezes não são atrativos para aqueles que possuem a qualificação necessária.

Definidos os reajustes salariais dos comerciários

O Sindicato do Comércio Varejista de Três Lagoas (SINDIVAREJO/TL), representado pelo presidente Sueide Silva Torres, e o Sindicato dos Empregados no Comércio de Três Lagoas (SECTL), liderado por Eurides Silveira de Freitas, assinaram nesta terça-feira (14), o Acordo Salarial da Convenção Coletiva de Trabalho para o período de 1º de novembro de 2024 a 31 de outubro de 2025.

Novos valores definidos
Conforme o acordo, o piso salarial para os empregados no comércio será de R$ 1.792,00, com reajuste de 7%, válido para o período mencionado. Para aqueles que já recebem acima de R$ 1.674,00, os salários serão corrigidos em 6%, respeitando o novo piso estabelecido. Além disso, os trabalhadores do Shopping Três Lagoas contarão com um piso diferenciado, fixado em R$ 2.000,00, a partir de 1º de janeiro de 2025.

Eurides Silveira de Freitas explicou que a diferenciação para o shopping foi uma conquista importante devido às especificidades do local. “Os trabalhadores enfrentam desafios adicionais, como a falta de transporte urbano, trabalho noturno e finais de semana, além da distância do centro da cidade. Essa diferença salarial busca amenizar essas dificuldades”, afirmou.

Sueide Silva Torres destacou que o reajuste foi planejado para beneficiar os trabalhadores sem comprometer a sustentabilidade das empresas. “Os reajustes respeitam as necessidades dos trabalhadores e as condições das empresas, garantindo que ambas as partes possam crescer”, declarou.