Primeira mulher a comandar a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a ex-deputada federal Rose Modesto (União Brasil) chega à autarquia empenhada em buscar equidade de recursos para os estados que integram a região. Mato Grosso do Sul recebe a menor fatia dos R$ 10 bilhões disponíveis para este ano, a intenção é ampliar esse montante.
De um lado o foco é o desenvolvimento econômico dos estados, mas a gestora quer fortalecer também o cunho social e sustentável da autarquia. Em entrevista ao jornalismo do Grupo RCN de Comunicação, Rose Modesto também falou sobre o FCO estudantil e pontuou que uma fatia dos R$ 10 bilhões previstos é destinada ao trabalho na região pantaneira e no cerrado.
A ex-parlamentar foi nomeada pelo governo federal como superintendente da Sucedo no último dia 2, após ter recusado assumir a presidência dos Correios e a secretaria nacional de uma das pastas do Ministério do Turismo. “Entre as três possibilidades, optei pela que mais me mantinha próxima à Mato Grosso do Sul. E era a Sudeco, por isso aceitei”, disse Rose. Acompanhe outros techos da entrevista realizada no estúdio da Rádio CBN Campo Grande.
Como estão os trabalhos nesses primeiros dias? O que já foi discutido e quais as principais demandas à frente da Sudeco?
Rose Modesto – Já tive a oportunidade de me reunir com as três diretorias e estou conhecendo os colaboradores. Nós estamos num momento muito importante. Estamos discutindo o plano de trabalho para esse ano ainda, ouvindo representantes dos demais estados para que o planejamento seja feito em conjunto com os governos estaduais, para avançarmos e sermos mais acertivos.
Esse planejamento que está sendo discutido agora é somente para este ano?
Rose Modesto –Rose modesto Sim. Ano passado foi feito, inclusive, um planejamento orçamentário, mas nós temos até o mês de agosto para poder alterar algumas coisas que são importantes. E são nessas discussões que vão entrando as novas ideias. Por exemplo, já estou buscando mais recursos, já estou conversando com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, a qual a Sudeco é ligada. Já temos algumas pautas e vou buscar esse apoio para que a gente possa conseguir trazer uma musculatura ainda maior para a Sudeco.
Ainda temos a nossa ministra do Orçamento e Planejamento, Simone Tebet, para dar uma força. Já conversou com ela?
Rose Modesto –Rose modesto Já pedi uma agenda lá também, porque, no ano que vem, a Sudeco pode vir ainda mais forte, com mais recursos. Quero que MS tenha o mesmo valor que tem MT, GO. Por exemplo, para investimento passa pelo ministério da Simone e eu vou estar com ela também, trabalhando de forma interativa, e com o MDA [Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar]. Então, eu vou fazer grandes parcerias para termos o melhor resultado possível.
A Sudeco administra mais de R$ 10 bilhões, mas o nosso estado tem uma das menores parcelas desse montante, cerca de R$ 2,2 bi. Poderíamos ter equidade na distribuição desses recursos?
Rose Modesto –Precisamos de equidade. Mato Grosso do Sul é menor em população, mas a contribuição de MS para a economia, para o Centro-Oeste é imensa. Com o potencial que o nosso estado tem, a localização geográfica e a capacidade de atrair empresas e indústrias, a gente precisa de valor maior de investimento. Por meio do FCO [Fundo Constitucional do Centro-oeste] empresarial, por exemplo, com um valor maior para atrair mais empresas para o estado, a gente gera mais empregos. O FCO rural, com o potencial do agronegócio, o meu desejo é ter também de tornar a agricultura familiar mais fortalecida. A Sudeco pode ajudar nisso com mais recursos, mais oportunidades.
Sabemos que o FCO não é só para grandes empresários. Por que na prática não tem sido assim?
Rose Modesto –Na criação da Sudeco, o foco era o médio e pequeno, ao longo do tempo isso foi se perdendo, mas vamos resgatar agora na nossa gestão. Tirar a burocracia. O pequeno e médio têm mais dificuldade, por causa da burocracia. Seja na área empresarial ou na Rural, nossa equipe técnica estará pronta para poder auxiliar os estados, dando todas as oportunidades. Também é importante lembrar que, apesar da Sudeco ter o foco na economia, sempre teve intenção de combater a desigualdade social. Essa é uma questão que me move ao longo da minha vida pública. Sempre sonhei em contribuir para oferecer mais oportunidades de trabalho e de estudo para que a pessoas tenham mais qualidade de vida. Desses mais de R$ 10 bilhões, três por cento são para trabalhar na região pantaneira e no cerrado. Vamos trabalhar a prevenção das queimadas nessas áreas. E nós queremos que a Sudeco, agora aliada com os governos, que realmente tenha ações preventivas em relação às queimadas, que nós possamos olhar para os ribeirinhos, para aqueles que sobrevivem daquilo que o Pantanal oferece, mas ao mesmo tempo de forma sustentável.
A gente tem ainda o vale do Ivinhema que também sofre com queimadas na época da seca. Essa região será contemplada?
Rose Modesto – Precisamos trazer essa discussão do Vale do Ivinhema, o que representa, o valor que tem aquela região. E há uma coisa interessante pro nosso estado que tem grande extensão territorial, precisamos ter políticas públicas por região. Porque o Pantanal é de um jeito que a gente tem que olhar, o vale do Ivinhema já tem outra aptidão, outra forma para a gente poder trabalhar pois lá prevalece a agricultura familiar. Esse é um grande desafio! Fazer o estado desenvolver, do ponto de vista da economia, mas de forma sustentável. Ou seja, gerar emprego, gerar riqueza mas preservando o meio ambiente. E a Sudeco vai estar também onde tem desenvolvimento. Teremos uma presença muito forte da Sudeco daqui pra frente. Essa vai ser minha prioridade estando à frente dessa pasta.
Tem ainda o FCO estudantil. Como funciona? Podemos dizer que é melhor que o Fies, o Fundo de Financiamento Estudantil?
Rose Modesto – É melhor! As instituições que trabalham hoje com Ensino Superior podem buscar esse investimento. Por exemplo para oferecer mais oportunidade aos estudantes bolsistas. E, ter esse cunho social dentro da educação, também é uma meta da Sudeco. Eu confesso que, mesmo estando há muito tempo na política, dentro da Sudeco eu nunca ouvir falar sobre isso. Quando bati o olho, e vi essa modalidade voltada para o setor educacional, comecei a estudar um pouquinho mais. Afinal, a educação é a minha área de formação. Sou professora e sempre estou atenta aos temas relacionados à formação dos nossos jovens.