Veículos de Comunicação

Três Lagoas

?Temos verdadeiros exemplos de superação?, diz novo presidente da Apae

?Nós temos um desafio muito grande: que é o de concluir a obra do novo prédio da Apae?

Luiz Fausto Rodrigues assume a presidência da Apae no dia 6 de Janeiro -
Luiz Fausto Rodrigues assume a presidência da Apae no dia 6 de Janeiro -

Luiz Fausto Rodriguescomeçou a trabalhar aos 14 anos de idade como balconista de uma padaria em Três Lagoas.

Sempre buscou novos desafios e a partir de 6 de janeiro do ano que vem, será o novo presidente da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),quando  assumirá o cargo como voluntário por três anos. Aposentado na Elektro desde janeiro deste ano, onde trabalhou como consultor institucional atendendo 46 municípios entre os Estados de Mato Grosso do Sul  e São Paulo desde 2003. Fausto sempre foi umparceiro da instituição. Em entrevista ao Jornal do Povo, ele conta sobre o sonho que sempre acalentou em ser voluntário, das metas que tem planejado para  um  futuro próximo no exercício da presidência da APAE em Três Lagoase dá sua opinião sobre a educação para as pessoas especiais em Três Lagoas e Brasil. 

Jorna do Povo: Mesmo trabalhando há anos como gerente de várias empresas, quer dizer que o senhor sempre teve o sonho de ser voluntário da Apae?

Luiz Fausto Rodrigues: Sim, sempre. Até mesmo porque eu já tinha participado da diretoria da Apae, quando eu ainda não estava aposentado. Tive que me afastar por motivos de outros trabalhos da época, mas sempre alimentava a ideia de que um dia iria voltar e apoiar como voluntário a associação, nem que fosse de qualquer. Não esperava que eu viesse a ser o presidente, fato que foi um grande presente para a minha pessoas. 
 
JP: E como foi feita a eleição de presidente para a instituição?
 
Fausto: A Apae tem estatuto que determina a publicação de eleições convocando os associados para elegerem o novo presidente.Até os pais dos alunos podem se candidatar, inclusive eu, que sou contribuinte da associação há alguns anos estava habilitado a pleitear pela vaga. A princípio  fui convidado para fazer parte da nova diretoria, não como presidente, porém no dia 09 de novembro, fui escolhido para presidir a entidade. A diretoria executiva é composta pelo presidente, vice-presidente, diretor financeiro, administrativo e jurídico, além do Conselheiro Fiscal, integrado por pessoas que contribuem com a Apae, de maneira voluntária.São pessoas que conhecem a realidade da instituição há muitos anos, até mesmo porque, alguns são pais de alunos da nossa escola. Isso com certeza implica em resultados positivos na evolução de nosso mandato. Com relação às pessoas que já trabalham na escola, nós vamos mantê-las em seus cargos, pois são profissionais que desenvolvem um bom trabalho.Não vejo a necessidade de mudar isso. Vamos apenas colocar nossa experiência externa dentro da Apae. 
 
JP: E quais são os primeiros planos como novo presidente da APAE?
 
Fausto: Já estamos elaborando um plano de ação para os próximos três anos e como essa diretoria que está deixando o cargo já está realizando um bom trabalho, nós vamos procurar manter a qualidade desse trabalho contando com a participação da comunidade. Hoje nós temos cerca de 360 alunos na escola, que precisam ser atendidos cada vez mais com muita eficiência. Mas, nós temos um desafio muito grande: que é concluir a obra do novo prédio da Apae. É uma estrutura de 4000 metros quadrados que está entre 40% a 50% de construção  executada. Nosso maior desafio será entregar esse prédio em nosso mandato, que não é um projeto só da instituição, mas sim de todaa comunidade que precisa desse atendimento especial em Três Lagoas e da sua população, sempre solidária com as iniciativas da APAE. 
 
JP: E como a comunidade pode contribuir com a entidade?
 
Fausto: Nós já temos um projeto em andamento chamado “Apae Água”, que dá oportunidade para qualquer pessoa contribuir com a entidade através da conta mensal cobrada pela empresa abastecedora de água. Temos também como fonte de receita a arrecadação da taxa de embarque nas linhas de ônibus no terminal rodoviário da cidade, além de alguns convênios celebrados com o Estado e município, os quais nos dão subsídios para realizar esse trabalho. A comunidade também tem a opção de ir diretamente à escola e fazer pessoalmente a sua doação ou preencher autorização bancária para a agência do seu Banco  debitar automaticamente em conta corrente um valor estipulado para ser revertido como doação mensalmente à APAE.
 
JP: Em meio de pedidos de contribuição para a comunidade, como o senhor avalia a sugestão do Governo Federal em querer encerrar as atividades da Apae no Brasil e inserir o aluno especial em uma escola de didática normal, alegando inclusão social? 
 
Fausto: Eu acho que é uma iniciativa que não vai vingar, porque não há condições em se colocar em uma mesma sala, alunos especiais com alunos que cursam o ano escolar sem nenhuma dificuldade. Hoje, na nossa escola, dos 360 alunos, alguns deles têm um monitor exclusivo somente para atender a sua necessidade. Não consigo visualizar essa atividade sendo realizada com eficiência em uma escola comum. Essa decisão poderá comprometer drasticamente o desenvolvimento do aluno especial, comprometendo um atendimento realizado de forma muito bem sucedida até hoje pelasApaes. Essas escolas já demonstram que não têm estrutura especializada para atender alunos como os nossos. Posicionamo-nos contra essa iniciativa, que  é o pensamento geral de todas as associações. A pessoa que teve essa iniciativa com certeza não conhece a realidade cotidiana de uma escola como a Apae. Aliás, aproveito esta oportunidade e faço um convite para a comunidade conhecer nossa escola e acompanhar um pouco do nosso trabalho para ter uma ideia sobre a nossa realidade e necessidades. Até mesmo paras saber que nosso trabalho é mais do que necessário para a nossa sociedade, pois é preciso tratar bem essas pessoas e dar condições para o desenvolvimento delas. 
 
JP: Existe um perfil desses alunos?
 
Fausto: Nós temos alunos que chegaram na APAE com seis meses de idade e estão lá até hoje, aos 20 anos de idade. Temos verdadeiros exemplos de superação que se destacaram no esporte, como é o caso do André, que foi para a seleção nacional de bocha, na categoria atletas paralímpicos. Então friso mais uma vez que, se não houvesse acompanhamento especial, de monitores e professores especializados em atendimento exclusivo, será que esses alunos chegariam onde estão? Se não tiver tato para lidar com essas pessoas, fica difícil. 
 
JP: O senhor que trabalhou há tanto tempo em cargos administrativos, consegue explicar o porquê desse entusiasmo específico com a Apae? Qual é o olhar especial sobre essa questão?
 
Fausto: Olha, não tem explicação. É sentimento que não tem como verbalizar. Como já disse, eu já passei pela instituição como membro administrativo uma vez e depois disso, nunca mais perdi meu carinho com aApae. É aquele velho ditado, quem bebe dessa água, sempre vai querer beber de novo. Eu fiquei de fora por um período, mas estava sempre ligado aos assuntos da Apae, buscando informações. Em qualquer empresa que eu trabalhava, sempre que se falava em projeto social, eu encaminhava algum trabalho indireto para a associação. E sempre pensei comigo: quando me aposentar será o momento de me doar um pouco por algo que de alguma forma me ajudou a me construir. Então,serão horas valorosas, um aprendizado muito grande. Terei uma nova visão da vida ao conviver com essas pessoas que têm todas essas dificuldades e que lá se superaram. Gostaria de pedir para que as pessoas marcassem lá na nossa administração, um dia de acompanhamento das atividades da APAE para ppoderem observar nossos trabalhos em salas de aula, em nossa clínica de reabilitação, onde fazemos cerca de 150 atendimentos  diários de terapia ocupacional, psicologia e médicos. É um trabalho muito bonito de ser ver. São pessoas que verdadeiramente se doam. 


JP: O senhor acredita que Apae consegue atender a demanda de pessoas especiais de Três Lagoas?
 
Fausto: Aqui em nossa cidade nós atendemos pessoas de cidades vizinhas também e conseguimos executar trabalho satisfatório. Mas volto a dizer que é preciso finalizar as obras do novo prédio, onde passaremos para uma estrutura que atenderá o dobro de alunos atendidos, hoje.
Acreditamos que conseguiremos concluir a construção do novo prédio,  pois temos o apoio do município e do Estado. Volto a pedir, vamos contar muito com a contribuição das pessoas da nossa comunidade. É nossa meta para o ano que vem colocar pessoas para visitar empresário e pessoas para incrementar a receita da entidade, pois, conversando com a população e mostrando o que a Apae desenvolve, certamente, conseguiremos sensibilizar as pessoas para que façam suas doações, a fim de que consigamos  mais recurso para finalizar a construção da nova sede.
 
JP: O que vai mudar na vida dessas pessoas que são atendidas ou para as que virão receber  atendimento na APAE?
 
Fausto: Com certeza, um prédio com melhores condições e salas projetadas para atender melhor os alunos, certamente proporcionará mais eficiência no ensino, melhor assimilação no aprendizado, uma vez que vamos nos mudar para um prédio moderno e confortável, que não é adaptado como o que hoje nos encontramos instalados, e que impõe limitações em nossas atividades. O  novo prédio foi projetado para atender essa demanda a demanda futura. Acreditamos que teremos bastante sucesso.