A falta de chuvas neste ano deverá ser mais prolongada que a dos anos anteriores, segundo previsões de meteorologistas. Aliás, as condições climáticas ano após ano são agravadas por conta das agressões constantes do homem contra o meio ambiente. Nem é preciso detalhar as regiões impactadas neste imenso país. Essa circunstância é indiscutível e reconhecida.
Em Mato Grosso do Sul milhares de hectares estão sendo queimados pelo fogo incontrolável. Brigadas estão mobilizadas para salvar o nosso mais valioso ecossistema que é patrimônio da humanidade, rico em espécies da flora e da fauna, embora comprometido na sua piscosidade por conta da pesca incontrolada e dificuldade de reprodução dos peixes.
Pouco se faz para aumentar a proliferação dos peixes no pantanal sul mato-grossense que ocupa dois terços de toda a sua extensão juntamente com a área do nosso antigo Mato Grosso. As autoridades governamentais mostram-se incapazes de suspender a pesca por período determinado, que seja de pelo menos de um a dois anos. Não suportam a pressão das companhias de turismo que agenciam com seus magníficos barcos à pescadores de todos os recantos.
Por aqui na nossa querida Três Lagoas, cuja três lagoas emprestam o nome à nossa cidade, não é diferente. A orla da Lagoa Maior foi ao longo dos anos ocupada por construções clandestinas, cujas edificações estão em desconformidade com as regras de preservação. Nela – na orla, abriram avenida, estreitaram seus limites. E o poder público nada fez para conter construções nessa área que deram origem a estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes e por aí afora.
Estamos diante do fato consumado, se observar-se o recuo da área edificada onde se encontra uma das repartições do município utilizada em comodato dado pela fábrica de papel International Paper. A seca agride as lagoas da cidade. A espessura do espelho d’agua da Lagoa Maior está rasa. E para agravar, em épocas de chuvas, uma enxurrada de dejetos nela é despejada, isso, sem falar do esgoto clandestino que vez por outra é identificado.
Para preservá-la tiveram a ideia no passado em bombear água da segunda lagoa para a primeira, e o seu excedente, em tempos de “enchentes” extravasar por uma canalização que vai até a confluência avenida Rosário Congro com a rua Elviro Mário Mancini, que deve estar sem utilidade há anos e que poderia servir para escoar as águas de chuvas, as quais quando vêm, poderia minimizar os impactos da precária captação de águas da cidade.
Mas, o fato é que tanto a segunda como a terceira lagoas, dão sinais de que têm os anos contatados, se nada for feito, porque sofrem com a supressão de vegetação nos seus entornos, e consequentemente vão sendo assoreadas, tornando-se terra firme, além de despertarem a cobiça de invasores ávidos por edificarem suas construções.
Vivemos tempos de seca, mas que serve para alertar de que se ficarmos de braços cruzados perderemos essas três belíssimas riquezas naturais que emprestam nome à nossa cidade, incrustadas, hoje, em área do perímetro urbano da cidade, por conta do crescimento de Três Lagoas. Tarda as providências que o município deve adotar. Pois, deveria contratar geólogos para realizar estudos visando conter a crescente falta de água que faz com que as nossas lagoas sequem, assim como, especialistas em urbanização para concluírem um projeto adormecido de se integrar por uma via ecológica as três lagoas.
É preciso voltar os olhos para a preservação da natureza sob todos os aspectos. Se ficarmos tão somente preocupados com as obras necessárias de infraestrutura urbana, que devem e precisam ser executadas, poderemos descaracterizar o nome do município e ter num futuro não muito distante, somente na recordação a referência gentílica das nossas três lagoas, as quais nos fazem orgulhosos pelo nome que ostentamos diante da sua beleza cantada em verso e prosa pelos poetas da terra.