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Editorial

Trad se lança ao governo de MS pelas mãos do ficha suja Kassab

A pré-candidatura do prefeito Marquinhos será neste sábado

Gilberto Kassab e Marquinhos Trad em Campo Grande - Foto: arquivo PMCG
Gilberto Kassab e Marquinhos Trad em Campo Grande - Foto: arquivo PMCG

O prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad (PSD) costuma dizer em seus comícios que é um homem de ficha limpa. Ele sempre diz que nunca apareceram denúncias consistentes de corrupção em sua vida pública. Como paladino da moral e dos bons costumes, deve soar para o eleitor, no mínimo, estranho que venha a ser lançado por Gilberto Kassab como pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul.

Claro, Marquinhos não tem culpa do dirigente máximo de seu partido ser réu na Operação Lava Jato e ter quase duzentos processos por improbidade administrativa, colecionados em mais de dez anos de vida pública, ocupando cargos diversos, como deputado estadual, federal, prefeito de São Paulo, ministro, etc.

Kassab é considerado uma raposa política. Nasceu na estufa do “malufismo”, foi amigão do peito de Celso Pitta (PTB), depois se acomodou nos braços de José Serra (PSDB), e teve até proximidade com Dilma Roussef (PT), no Ministério de Ciência e Tecnologia, sempre pertencente ao centrão.

Ele foi o fundador do PSD, partido que “não é de esquerda nem de direita”, e, nos últimos tempos, vem tentando levar seu partido para os braços de Lula, acreditando que o PT volte ao poder.

Nessa trajetória sinuosa, Kassab sempre deixou suas digitais. Enriqueceu-se na política e hoje dá as cartas em vários pequenos partidos, fazendo lobbie para um grupo de empresários paulistas, escolhendo candidatos que se afinam ao seu comando, agregando o que existe de pior na política brasileira.

Se Kassab escolheu Marquinhos (em sociedade com seu irmão, Nelsinho Trad), boa coisa não é. Como se diz, gambá cheira gambá, o que deixa dúvidas se quem se associa a pessoas com histórico nada recomendável pode se dizer honesto, limpo e bem-intencionado.

Marquinhos, na verdade, está ingressando como pré-candidato majoritário num partido comandado por uma pessoa que faz acordos nebulosos e não se importa em colocar à venda pessoas quando elas não mais lhe interessam.  Foi assim com Maluf, com Serra, com Alckmin.

O fato é que a partir de agora, o discurso de Marquinhos sobre honestidade e moralidade pública soarão falsos. Toda a vez que ele apontar o dedo para os adversários, dizendo que não faz “negociatas”, alguém lembrará  de Kassab, um homem de negócios acima de tudo.