Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Tráfico de drogas é o crime mais praticado entre as mulheres

85% das presas do presídio de Três Lagoas cumprem pena por tráfico de drogas

Presídio Feminino abriga 108 internas em Três Lagoas -
Presídio Feminino abriga 108 internas em Três Lagoas -
O tráfico de drogas é um crime que tem levado muitas mulheres para trás das grades. No presídio feminino de Três Lagoas, por exemplo, das 108 internas, 84 estão presas por terem cometido esse tipo de crime. As demais cumprem pena por roubo, furto, receptação, homicídio, crime sexual e incêndio. De acordo com a diretora da instituição, Marcela Dias Maio, das 84 mulheres presas por tráfico de drogas, aproximadamente 85% delas entraram para o mundo da criminalidade influenciadas por pessoas do sexo masculino, como companheiros, amigos ou vizinhos. “Acredito que os homens tomam essa atitude por acreditarem que as mulheres levantam menos suspeitas diante das abordagens policiais”, disse. E continuou: “Já as mulheres iludem-se com a proposta de traficar por estarem apaixonadas, no caso dos companheiros, ou também nos demais episódios por expectativa de ganhar dinheiro fácil”, explicou.


No entanto, foi por amor que a jovem Kelly Evangelista de Jesus Silva, 24, moradora de Goiânia-GO, foi presa, em Amambaí [ou Amambai-MS], por policiais do Departamento de Operações de Fronteira (DOF). Na companhia do marido e de outro rapaz, ela viajou como batedora de uma carga de 197 quilos de maconha. Após a viagem ser interceptada por policiais, o trio de batedores e o motorista do carro onde estava a droga foram presos. Por dois meses, Kelly ficou presa em Amambai. Em seguida, foi transferida para Três Lagoas, onde está há sete meses. 


Segundo Kelly, ela foi condenada a 10 anos, mas por ser ré primária e ter bons antecedentes criminais conseguiu redução de pena para cinco anos e três meses. Esse período de tempo, para a jovem, parece uma eternidade. “Ficar longe dos meus dois filhos é muito difícil. Não há dinheiro que pague a liberdade. Só depois da prisão é que percebi o valor de ser livre, de conviver com os meus familiares”, descreveu.


A jovem contou também que foi a prisão que colocou um ponto final na sua história de amor. Após oito meses, ambos presos e sem se verem, comunicando-se através de cartas, o marido terminou o relacionamento. “Na hora em que eu mais precisei, ele virou as costas para mim. Hoje, só penso em sair daqui e refazer minha vida”, contou. 


Já a mineira de Caratinga , Thariky Iane Matos Franca, 21, foi detida pela Polícia Rodoviária Federal em Mundo Novo/MS, transportando 30 quilos de maconha. A droga, de acordo com Thariky, estava em uma mala no bagageiro do ônibus. Ela adquiriu o entorpecente em Salto de Guairá, no Paraguai, e o estava levando até Belo Horizonte – MG. Conforme a moça, o convite para o trabalho de “mula” foi oferecido por um amigo.
Apesar disso, ela conta que só foi presa por conta da sua consciência. É que quando a polícia encontrou a droga, conforme Thariky, o motorista do ônibus “piscou para ela” e ao ser questionada de qual passageiro era a droga. Ele informou à equipe que a mala pertencia a uma senhora. “A mulher gritava desesperada que a droga não era dela, mesmo assim foi arrastada para fora do ônibus e algemada. O motorista acelerou e, naquele momento, percebi que não podia deixar uma inocente pagar pelo meu erro. Disse ao motorista que precisava descer e, em seguida, confessei aos policiais que o entorpecente era meu”, relatou. 


Filha de pais com ensino superior completo, a jovem conta que tinha uma vida confortável financeiramente. “Eu não precisava do dinheiro que ia receber como pagamento pelo transporte da maconha”, contou. O valor combinado, ela não revelou. 
Agora, Thariky só espera o tempo passar para retomar sua vida ao lado da sua filha de 4 anos. Ela foi condenada a 4,4 meses, mas sua pena acaba no dia 25 de agosto de 2013. “Estou contando os dias para sair da prisão, local para onde não pretendo voltar nunca mais”, frisou.


VISITAS
De acordo com a diretora do presídio, a maioria das presas que cumprem pena em Três Lagoas não recebe visita dos companheiros. Geralmente, segundo Marcela, depois da prisão, as mulheres são abandonadas pelos maridos. “Com base na minha experiência, percebo que quando o marido vai preso a mulher continua ao seu lado, vai visitá-lo, leva comidas diferentes etc. Já quando é o contrário, o marido, com raras exceções, literalmente some”, contou.


Conforme Marcela, nem mesmo os familiares visitam as detentas. Alguns, por conta da distância, já que, das 108 presas, cerca de 30 apenas são de Três Lagoas. Outros, devido à dificuldade financeira para custear o transporte, entre outros motivos.