Para a professora, doutora em Geografia, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Édima Aranha, Três Lagoas pode enfrentar um processo de favelização, caso não haja uma política habitacional e de inclusão social.
Dez famílias invadiram uma área da prefeitura no bairro Vila Verde. Somadas às famílias que invadiram uma área da prefeitura na Vila Piloto, já são cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, vivendo em situação de extrema pobreza e condições mínimas de infraestrutura e saneamento em Três Lagoas.
No início deste mês, cinco famílias deixaram um terreno da prefeitura, por determinação da Justiça no bairro Vila Piloto, mas construíram barracos em outro terreno. A maioria das famílias alega que não tem para onde ir ou condições de pagar aluguel de uma residência.
Segundo a professora, não adianta obrigar essas famílias a desocuparem essas áreas e não oferecer uma moradia e oportunidades de inclusão ao mercado de trabalho. “Elas vão sair de uma área e ocuparem outra”, alertou. De acordo com a professora, se não existir uma política habitacional efetiva, certamente, haverá sempre pontos e núcleos de favelização na cidade.
Édima destacou que onde se promove o desenvolvimento, também, ocorre à desigualdade social. Três Lagoas ganhou visibilidade por conta do processo de industrialização, mas muitas famílias que vêm para o município, não são absorvidas e estão excluídas do mercado de trabalho. “Essas famílias não têm renda, chegam aqui e não conseguem emprego por falta de qualificação, se depararam com o mercado imobiliário que está aquecido. E, como essa parcela da sociedade fica excluída, vai buscar uma alternativa para morar e, acabam ocupando esses espaços vazio; esse fato está presente cada vez mais em cidades de médio e pequeno porte”, comentou.
A professora não entra no mérito da questão, se é correto ou não a invasão, mas ressalta que a moradia é um direito de todo cidadão, previsto, inclusive, na Constituição Federal. Por esse motivo, entende que é preciso haver um investimento maior no setor habitacional, seja por parte da prefeitura, do governo do Estado ou da União. “A política habitacional para atender as famílias de baixa renda é ineficiente. Três Lagoas tem o segundo maior PIB do Estado, então, é preciso haver mais investimentos neste, e em outros setores”, ponderou.