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Três Lagoas

Três Lagoas precisa de mais 40 mototaxistas

Instalação de motocímetro pode causar diminuição de serviço por conta do valor e manutenção do equipamento

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O número de mototaxistas e moto entregadoresé insuficiente para atender a comunidade de Três Lagoas. Segundo o sindicato da categoria, atualmente são 180 profissionais atuando no município, o que não corresponde a previsão do Decreto Municipal de nº 186 da Prefeitura, que prevê um mototáxista para cada 500 habitantes, se considerado o número atual de  habitantes no município conforme informações do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Hoje nós temos uma população de 109 mil habitantes, ou seja, estamos com uma defasagem de aproximadamente 40 profissionais. Acabamos de receber o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) do nosso sindicato e até janeiro do ano que vem, pretendemos ter todos os mototaxistas e entregadores que estão registrados no Deptran, também associados em nossa organização”, informa José Leandro Buiu de Souza, presidente do sindicato da categoria. 
No Departamento Municipal de Trânsito (Deptran) estão registrados 200 profissionais, segundo a diretora Creuza Ramos. “Os mototaxistas legalizados podem ser identificados pelo capacete amarelo, pela moto que tem que estar com a placa vermelha,  colete padronizado de cor alaranjado e pelo  número do alvará do Deptran”, aponta.  
 
IRREGULARES
Em 2013, foram registrados no Deptran de Três Lagoas, 30 denúncias de pessoas que atuam como mototaxistas sem a autorização do órgão. Segundo a diretora, a reclamação é apresentada pelos próprios mototaxistas que são credenciados no Departamento. “Não temos o registro de quantos clandestinos estão atuando na cidade, mas a questão é preocupante. Os profissionais que estão legalizados sempre nos alertam quando há suspeita de exercício irregular da atividade. A população que utiliza o meio de transporte, também já registradenúncias . Alguns usuários já foram assaltados, mulheres foram assediadas e outros,  tiveram o destino interrompido, porque o motociclista que ofereceu o serviço se recusou a levar até o lugar solicitado”, aponta.
 
VALORES
Segundo Creuza Ramos, o Deptran sugeriu uma reunião com o Sindicato dos Mototaxistas e Entregadores para estabelecer uma tabela de preços padronizada para ser cobrada. “Nós não queremos impor os valores, porque respeitamos as condições dos profissionais. Estamos aguardando um contato do sindicato para elaborarmos uma tabela em comum acordo”.  

MOTOCÍMETRO
A instalação do aparelho não agrada só os profissionais da categoria, como também a população de Três Lagoas. Nossa reportagem esteve na Praça Ramez Tebet e perguntou para 10 pessoas se eram favoráveis da utilização do equipamento. O motocímetro foi rejeitado com unanimidade. O  equipamento foi desenvolvido com o objetivo de aferir com precisão o percurso percorrido pela moto quando o cliente utilizar o serviço de moto táxi efetuando o cálculo automático do valor da corrida.
 Pamela Souza Alves, 17 anos, auxiliar de cozinha, mora no Bairro São Carlos, mas trabalha no Bairro Nossa Senhora Aparecida,  utiliza o serviço com frequência. “Quando estou muito cansada e não quero ir de bicicleta, pago R$ 10,00 pelo serviço. Não acho que seja caro, já que economizo tempo e disposição, pois trabalho das 7h às 14h e estudo à noite. Não sou a favor da instalação desse equipamento, pois acho que isso deve gerar impostos e tornar o serviço mais caro”, aponta.
A estudante confirma que é difícil encontrar mototaxistas disponíveis nos pontos e que precisa sair antecipadamente de casa, caso não queira chegar atrasada no destino. “É muito raro encontrar alguém de prontidão”.Josefa Bezerra da Silva, mora na Vila Alegre e paga R$ 6,00 pelo serviço para chegar até o centro da cidade. A dona de casa também se mostra contra a instalação do equipamento. “Eu já utilizo o moto táxi para não pagar R$ 20,00 pelo mesmo serviço com o táxi. Sou contra”. 
 
Chaleco Pereira dos Santos, também utiliza o serviço com frequência e é direto: sou contra. Geralmente, negocio antecipadamente com o mototaxistao valor da corrida, porque muitas vezes fui enganado por taxistas que ficavam rodando extra só para cobrar mais caro o valor final do transporte pelo fato de eu não conhecer a cidade. “Além do mais,  tem a possibilidade de fraude no motocímetro para alterar seu mecanismo  e apresentar valor que deixa a corrida mais cara”, diz o divulgador de eventos.
 
Desempregado, Juliano Geraldo Gomesacredita, que a instalação é negativa para a comunidade. “Já utilizamos o moto táxi como um desafogo, como uma alternativa mais em conta para não pagar um taxi. Sou totalmente contra e acredito que podemos ser enganados no momento da corrida: os motociclistas podem aumentar o percurso para cobrar mais”. 


O SINDICATO
O Sindicato dos Mototaxistas e Entregadores não se mostra nem contra ou a favor da instalação do motocímetro. Porém o presidente afirma, que o equipamento pode não ser um método eficiente de cobrança. “Não há garantia tanto de eficiência, quanto de durabilidade. No primeiro momento passa uma sensação de credibilidade para o cliente, mas isso não significa economia. Em Três Lagoas, qualquer corrida não sai por menos de R$ 6,00 ou R$ 7,00. Com a instalação do motocímetro será preciso cobrar de início R$ 5,00 mais R$ 1,08 o KM rodado para ter benefício para o trabalhador”, aponta. 
Ainda segundo José Leandro, o equipamento tem uma variação de custo entre R$ 400,00 e R$ 900,00. No caso de ser aprovada uma lei que obrigue o uso, o custo sairá do bolso do próprio profissional. “É outra condição que a categoria não aceita. Além disso, essa variação de preço já demonstra que existem diferenças na qualidade de equipamentos,questionando sua eficiência.” Ele aponta que oequipamento pode não ser resistível com uma moto trafegando em um asfalto de má qualidade ou mal conservado, obrigando os profissionais a trocar constantemente esse equipamento. “Não é compatível com a realidade de ganho dos mototaxistas, ter que trocar com frequência um aparelho que tenha esse valor. Nesse caso, poderemos diminuir ainda mais o número de profissionais em Três Lagoas, pela desistência de trabalho por conta do custo benefício”, conclui.