Embora a Prefeitura de Três Lagoas tenha autorizado a abertura de mais de 30 loteamentos nos últimos dez anos, a cidade tem milhares de terrenos vazios. Segundo novo levantamento do Setor de Tributação, a cidade tem 41.374 imóveis ocupados e 23.533 vazios.
Para o empresário do ramo imobiliário, Antônio Alves de Souza, o poder público deveria ter mais cuidado na hora de aprovar loteamentos, para garantir melhor planejamento da cidade, com mais infraestrutura e melhores acessos.
Para o empresário, a prefeitura deveria criar um departamento de estudos de viabilidade para orientar e indicar ao investidor sobre o melhor local para novos loteamentos. Sobre espaços vazios, Souza disse que a legislação permite a prefeitura impedir a abertura de loteamentos visando essa ocupação.
Em 2005, por exemplo, quando a ex-prefeita Simone Tebet assumiu o cargo, novos loteamentos foram proibidos até a elaboração do Plano Diretor, em 2006.
Até aí, embora a legislação já previsse infraestrutura nesses locais, foi quando novos loteamentos passaram a contar com asfalto, rede de água, esgoto e iluminação pública.
A quantidade de bairros que sem essa infraestrutura deve-se à falta de cobrança da legislação.
Negócios
Dois loteamentos são autorizados na cidade a cada ano. Em 2015 – considerado fraco para investimentos – surgiram dois. Agora, três processos estão em análise no Setor de Fiscalização e Obras.
O diretor do Departamento Municipal de Obras, Rodrigo Pelho Rizzo, disse que a cidade já chegou a ter cerca de dez loteamentos aprovados por ano. Foi no “boom” industrial, há menos de 10 anos, que culminou com a valorização dos imóveis. Cada loteamento conta com mais de 100 terrenos. Alguns chegam a 500 ou mais.
Rizzo disse que se todas as exigências são atendidas, a abertura pode autorizar loteamentos. Uma limitação poderia até servir, segundo ele, para forçar a ocupação dos imóveis vazios, mas provocaria a inflação no setor. “Isso acarretaria em uma supervalorização no preço de mercado”, destacou.
Na opinião da empresária Ana Helena Matsumoto, a quantidade de imóveis não edificados deve-se ao valor do metro quadrado. Para ela, a prefeitura deveria rever a metragem do terreno de interesse social que, pelo Plano Diretor, não pode ser menor que 240m². Ana Helena entende que o ideal seria ter 180m², porque possibilitaria a venda e consequentemente a compra por pessoas com menores condições financeiras. “Pela exigência atual, um terreno social custa em média R$ 48 mil. Se diminuísse para 180 metros quadrados, sairia em média R$ 36 mil. Isso se explica a quantidade de terrenos vazios, pois dificulta a compra”, comentou.
Tendência para ocupação vertical
A tendência de Três Lagoas para os próximos anos, segundo o empresário Antônio Souza, é a construção vertical. A ocupação dos espaços vazios existentes, segundo ele, se dará por edifícios, já que os bairros começam a ficar distantes, além disso, os prédios garantem uma segurança em relação à criminalidade. “Acho que a tendência agora é um maior número de apartamentos, com quatro, cinco andares”, adiantou.
A empresária Ana Helena Matsumoto disse que, “infelizmente” a tendência é que Três Lagoas passe a contar com um número maior de apartamentos. “Pela quantidade de áreas vazias ainda na cidade, entendo que deveria priorizar residências. A nossa cidade foi formada pelo êxodo rural, ou seja, as pessoas ainda sonham em ter uma casa com quintal, com espaço. Acho que poderia se investir mais em imóveis horizontais”, disse.
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