Anualmente, a Polícia Federal de Três Lagoas tem registrado a média de vinte pedidos para o registro de novas armas de fogo ao ano. O índice, considerado baixo para a polícia, é dez vezes inferior ao de renovação de registros de armavencidos ou quatro vezes menor que o volume de armas ilegais apreendidas pela Polícia Militar no decorrer do ano.
Três Lagoas
Três-lagoenses adquirem uma média 20 armas legais ao ano
Índice é quase quatro vezes inferior ao volume de armas ilegais apreendidas pela Polícia Militar
De acordo com o setor responsável pela emissão de registros na PF,o registro das armas de fogo é válido pelo período de três anos. Em Três Lagoas, são realizadas, anualmente, de 60 a 100 renovações, sendo que a maioria dessas armas, legalizadas no período de anistia encerrado pelo governo federal em 2010, quando as pessoas optaram continuar com suas armas – desde que compradas legalmente ou recebidas de algum parente, mediante comprovação. “Hoje, algumas pessoas questionam a respeito da possibilidade de regularização, contudo não é mais possível. Apenas quem tem armas regularmente registrada pode renovar seus registros”, lembrou a PF.
Atualmente, não é possível estimar a quantidade de armas legalizadas existentes no município, uma vez que, depois de registradas ou renovadas, essas informação vão para um banco nacional. Além disso, o todo o processo, desde compras à renovação, pode ser feito de qualquer delegacia da PF do país.
Se a aquisição de armas de fogo é considerada pequena na delegacia da Polícia Federal de Três Lagoas, o pedido de porte legal de arma de fogo é ainda menor. Por ano, são registradas cerca de cinco solicitações, sendo que a maioria acaba recusada. Nos últimos três anos, por exemplo, foram deferidos um ou dois pedidos. O perfil daqueles que tem interesse em andar armados, com exceção de policiais, é de homens acima dos 50 anos.
ILEGAIS
Do outro lado da ponta, o número de apreensões de armas de fogo aumentou no mês de outubro. Conforme informações da Polícia Militar, apenas no mês passado foram apreendidas onze armas de fogo: cinco revólveres, uma pistola e cinco espingardas. O número corresponde a um aumento de quase 50% em comparação ao mês anterior, quando foram apreendidas sete armas de fogo.
No acumulado do ano, foram apreendidas 75 armas ilegais, média de sete ao mês. O número corresponde a um leve aumento em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram apreendidas 71 armas, embora, o ano de 2012, tenham sido realizadas83 apreensões.
Os dados são do 2º Batalhão da Polícia Militar e mostram, ainda, que o revólver é a arma mais apreendida no município. Apenas neste ano, foram 47. Em segundo lugar, vem a espingarda, 13 apreensões neste ano. As pistolas aparecem em terceiro, 11 apreendidas. Neste ano, a PM também apreendeu dois fuzis, sem contar um fuzil feito artesanalmente e que foi apreendido pela Polícia Civil, após operação conjunta entre policiais civis e militares.
Título: Nem toda arma estava com bandidos
De acordo com o comandante da PM, tenente-coronel Wilson Sérgio Monari, o número, embora siga a mesma média registrada no ano passado, ainda é considerado alto. O oficial explica duas situações diferentes para este volume considerável. Na primeira, e esta sim a mais preocupante, é o caso de armas apreendidas com bandidos. Já na segunda, são portadas por pessoas de bem, mas não estão legalizadas. “Em alguns casos, armas são apreendidas através de denúncias de algum familiar. Não estão necessariamente nas mãos de bandidos, mas com pessoas que não têm registro de arma”, destacou. Conforme Monari, também existe uma diferença na origem das armas. Na maioria dos casos, as encontradas com bandidos são trazidas de fora do país.
Sobre o índice de novas armas compradas legalmente e registradas em Três Lagoas, o comandante explica que, desde a campanha do desarmamento, o governo federal adotou uma série de medidas para reduzir o acesso a armas, uma delas foi o encarecimento do registro. Hoje, por exemplo, para se tirar um porte de arma o dono tem que desembolsarR$ 1 milpara uma autorização válida por um ano.
A restrição do acesso a armas, explicou Monari, é considerada válida. Segundo ele, as chances de uma pessoa cometer um crime em um momento de descontrole é muito maior se ele estiver com a arma em mãos. “A pessoa precisa estar preparada para ter uma arma. Em caso de uma briga, por exemplo, se a pessoa está nervosa, ela fatalmente vai sacá-la em consequência de uma ação impensada, que pode prejudicar tanto a sua vida como a de outro”.
O comandante da PM citou como exemplo um caso registrado recentemente em Três Lagoas, quando o dono de uma obra matou um pedreiro depois de uma discussão. “Se ele não estivesse armado, os dois teriam brigado. Mas, talvez, a morte não teria ocorrido”, destacou.
DESARMAMENTO
Seguindo o mesmo pensamento do oficial, uma média de vinte a trinta armas são entregues à Polícia Federal por ano pela Campanha do Desarmamento. A PF lembra que, diferentemente do prazo para regularizar armas, a campanha segue sem prazo para ser encerrada. Para entregar uma arma, interessado precisa preencher um formulário, que gerará automaticamente uma guia de trânsito que o autoriza a transportar a arma até uma delegacia da Polícia Federal. A campanha vale tanto para armas legalizadas, quanto para irregulares.